Turma Formadores Certform 66

Thursday, September 05, 2019

Já lá vão vinte e nove anos

Passaram já vinte e nove anos desde um dos dias mais importantes da minha vida. Desde essa altura até agora muita água correu sob as pontes, como é natural ao longo duma vida. Umas vezes melhor, outras menos bem, lá fomos encontrando o equilíbrio para manter esta relação. Coisa assaz diferente do que se vê hoje em dia, onde a capacidade de 'aturar o outro' não existe, e daí a quantidade de separações. E se estas deixam sempre marcas, - por mais que o queiramos negar -, elas ainda são maiores quando existem filhos, que são sempre o elo mais fraco sobre quem desaba tudo isso. Não temos filhos, mas isso não impediu que não tivéssemos a tal capacidade de nos 'aturarmos um ao outro'. Mas não vos falo disto para celebrar uma efeméride de que sou protagonista. Quero antes trazer aqui a memória do abade Ramiro Ferreira, um homem que apesar da sua idade, soube interpretar os nossos sentimentos. Sempre nos recebeu bem e acabou sendo frequentador da nossa casa. É a ele que me quero referir com mais evidência. O abade Ramiro era um homem duma força enorme por trás da sua aparente fragilidade. (Era um padre exorcista dos muito poucos que existem na Cúria, embora não gostasse de falar sobre isso). Muito humilde e culto, muitas vezes lhe ouvi as histórias da Ordem de Cristo, - Ordem que foi detentora do mosteiro em que ele celebrava -, o mosteiro de Águas Santas. E estou a falar no passado, porque o abade Ramiro já nos deixou à um par de anos. Já aposentado, não durou tanto assim a sua aposentação, porque viria a falecer pouco tempo depois na sua casa de Fiães, em Santa Maria da Feira, donde era natural. Sempre que passo por Águas Santas, não deixo de visitar aquele mosteiro, que muito me agrada, e invocar a memória veneranda do abade Ramiro. É a ele que aqui quero celebrar, para além de tudo o resto, pela sua abnegação, dedicação, humildade, tudo predicados dum grande homem.


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