Porque será que os animais não me largam?
Ontem lancei uma questão interessante que muito me dá que pensar. A saber: a razão porque os animais me procuram e me acompanham ao longo da vida. Sempre foi assim desde que tenho consciência de mim próprio. E se por um lado isso é gratificante, por outro é castrador. Quando o Nicolau morreu pensei que agora seria o tempo de descansar e fazer algumas coisas que tinha adiado. Afinal já não tenho férias vai para vinte anos, mais precisamente desde a morte de minha mãe. Porque ela me deixou três cachorros, porque atrás desses outros vieram, até que chegou o Nicolau que seria o último. Ainda encetamos um ou outro passeio, mas foi sol de pouca dura. Logo a Rosita apareceu e foi-se insinuando - lentamente pé ante pé - até que quando demos por isso, ela instalou-se em casa onde passa os dias a dormir e a comer - e já agora, a tentar apanhar passarinhos ou outros seres viventes - e só ao fim do dia vai embora para a sua casa para estar com a irmã. E de novo tudo volta ao princípio. O ciclo recomeça. E já não saímos sem que um fique em casa porque a Rosita aí está. Gosto de animais, adoro-os, mas isto é muito limitativo, sobretudo quando a idade já vai avançando e também tem que haver outros espaços a preencher. Mas cada vez me convenço mais que esta é uma espécie de sina que me acompanhará até ao fim dos meus dias. Dela não posso fugir. Se os animais vêem em mim algo, (definitivamente não sei), mas que isto acontece é uma realidade. E isso coloca travão a muita coisa. Porque comigo os animais não ficam para trás. Se saímos logo estamos preocupados com a Rosita e as suas horas de refeição. E afinal a Rosita não é minha, apenas começou a andar por aqui, e por aqui ficou. A vida tem destas coisas, e quem ama os animais tem que estar preparado para isso. Se não, sofresse muito, e eu, - podem crer -, já sofri muito pelos animais. Não consigo ter aquele espírito desprendido de quem vai sair (de férias ou não) e os animais ficam para trás. Não consigo pensar que 'eles lá se defendem' como ouço por aí dizer. Não consigo e ponto final. Tenho a sorte de ter uma mulher que pensa o mesmo, caso contrário, teria sido um problema bem sério de resolver, quando as opções se colocassem em cima da mesa. Mas mesmo assim, não deixa de ser uma vida desfrutada pela metade. Porque a outra metade - ou talvez mais do que isso - está com os animais. Talvez seja para isso que nasci, quem sabe. Mas foi sempre assim ao longo da minha vida. E parece que não terminará nunca.
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