Turma Formadores Certform 66

Monday, November 04, 2019

A problemática Rosita

Confesso que tenho alguma dificuldade em compreender os gatos, que nunca tive -, agora que a Rosita inverteu tudo isso. Sei da tão falada espiritualidade associada aos gatos (não é por acaso que são as vítimas preferenciais de determinadas práticas) mas estava longe de entender algumas bizarrias de que a Rosita é protagonista. Temos determinados locais vedados para ela não poder ter acesso porque destrói tudo por onde passa causando prejuízos grandes, embora agora já se vá habituando aos espaços e às regras da casa. Contudo, não deixa de ser curioso que, quando se lhe veda o espaço onde o Nicolau morreu, ela vai para a porta e mia desenfreadamente para conseguir ir para lá. Todos os dias é o mesmo. Se lhe abrimos a porta, ela vai até ao sofá donde o vigiava e fica a contemplar o local onde ele esteve nos últimos dias de vida. Passado algum tempo regressa e vai dormir para o local habitual onde fica diariamente. Nunca entendi esta prática mas é assim dia após dia. O mesmo faz quando está fora, e visita regularmente a sua sepultura onde se deita e fica por lá imenso tempo. A Rosita não fica em casa à noite. (Apesar da pena que tenho sobretudo agora em que o frio e a chuva irão começar a fazer-se sentir com mais veemência). Não a queremos habituar a isso pelo facto de ela não ser nossa - embora os donos não lhe liguem nada - e amanhã a sua vida poder ser encaminhada noutro sentido. Mas também ela não o parece querer. Por volta do final da tarde, quando a luz do dia começa a esbater-se, a Rosita levanta-se come a sua ração e logo vai embora. Vai para a sua casa ter com a sua irmã com quem passeia muitas vezes na madrugada. A Rosita é muito independente - coisa típica de felino - mas, apesar de ser bem tratada e acarinhada cá em casa, não deixa esquecer a casa dos seus donos e a presença da irmã. Não sei se todos os gatos são assim, mas não tenho dúvidas de que muito tenho aprendido com ela. Coisa bem diferente da atitude dos cães com que eu estou muito mais familiarizado porque com eles convivi praticamente desde que nasci. Mas é assim. Cada ser tem a sua maneira de olhar para a vida e a Rosita é bem exemplo disso.

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