Turma Formadores Certform 66

Friday, October 25, 2019

A ausência da escola primordial (Da família para a escola)

Anteontem um aluno agrediu uma professora que teve que ser hospitalizada. À três dias atrás um pai agrediu uns professores e umas assistentes quando liderava uma contra manifestação que apenas pedia o fim da violência na escola. Tudo isto vimos e assistimos. Agora é bom que reflitamos um pouco. Estes dois gestos parecem antagónicos, mas não o são. São iguais e diz-nos que, em ambos os casos, a escola primordial falhou. (Chamo escola primordial àquela educação antes de irmos para um qualquer centro de aprendizagem, isto é, a família e toda a involvência inerente. Porque os pais se não têm educação, não a poderão transmitir aos seus filhos. E estes na ausência da educação parental, amanhã serão outros pais com estas tristes atitudes. E o ciclo renovar-se-á a cada geração). Temos assistido a um aumento da escolaridade no nosso país - algo que é sempre de saudar - mas isso não significa que se tenha caminhado muito na educação. O colecionar conhecimentos que muitas vezes se esquecem quando passam as avaliações, nunca será uma forma de evolução dum povo. A educação é algo mais abrangente, que carece de mais empenho de todos. A educação académica é importante, mas sem os valores da cidadania, de nada vale. A prova está aí a gritar toda a sua evidência. Não podemos continuar a pensar que é com o fazer de conta - tão característico da nossa cultura - se resolverão as coisas. O ensino pode não estar bem, mas a educação está pior. Tudo isto porque uns pais não podem educar convenientemente os seus filhos, se também eles não receberam a educação em tempo próprio. Os filhos, que não têm essa educação, serão pais amanhã, e tudo se repetirá de novo. Os filhos serão sempre o espelho dos pais e vice versa. É importante parar para pensar, fazer uma espécie de corte epistemológico e recomeçar de novo. A cidadania era algo que noutros tempos se aprendia em casa, na família. Hoje luta-se para que sejam as escolas a substituir-se aos pais numa estratégia de insucesso evidente. Estes dois casos são bem o paradigma disso.

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