Momentos notívagos
São cinco e trinta da madrugada e o meu 'jogging' vai começar. Qual andarilho da madrugada, faço-me à estrada a rasgar a noite. No céu nublado a lua tenta romper a neblina sem grande êxito. Ela tão solitária quanto eu. Eu na estrada, ela no espaço. Um daqueles momentos incríveis que podemos testemunhar. O silêncio envolve-nos a ambos. Apenas o nosso próprio ruído nos acompanha. Sempre me fascinou as madrugadas e, sobretudo, o nascer dum novo dia. Um dos espetáculos mais impressionates é ver a luz a empurrar as trevas para bem longe, os outros seres que convivem connosco neste planeta, a começar a sua afadigada tarefa de buscar alimento. Os primeiros chilreios, as primeiras aparições à luz do dia que se vai intensificando. A mutação dos seres notívagos para aqueles que fazem a sua vida à luz do dia. Todos os dias tenho a companhia da lua. Essa amiga e companheira que, tal como eu, vagueia por aí. E é nestas alturas que vemos a verdadeira dimensão que temos face ao infinito. É tempo de introspeção e reflexão que mitiga o trajeto. Este foi mais um dia assim, a juntar a tantos outros. Enquanto tragava quilómetros, de auscultadores a debitarem música para ajudar no esforço, cruzei-me com aqueles belos acordes de Sibelius com o seu 'Amanhecer'. Tal e qual. Ele também deveria ser um paladino das madrugadas como eu.
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