Turma Formadores Certform 66

Wednesday, March 25, 2020

Recordações à custa do coranavírus

Toda a moeda tem a sua face e o seu reverso. Esta pandemia não deixa de o ter também. Pode parecer estranho mas é verdade. Já ontem vos falava das memórias que os meus pais tinham da II Guerra Mundial e de outras ainda mais remotas como eram as dos meus avós que passaram por dois conflitos mundiais. Das filas para se comprar comida e não só, da especulação de preços como vemos nos nossos dias, enfim, um certo número de coisas que nos fazem olhar para esta pandemia como uma guerra como já muitos a apoucaram. Sempre pensei nisso como algo distante e nunca imaginei passar por uma situação em tudo idêntica. Mas isso também me levam às minhas recordações vívidas que perpassam a minha infância. Quanto entramos em estado de emergência e quase tudo encerrou, o trânsito diminuiu substancialmente. Na zona onde moro isso é por demais evidente. E à boleia desta situação dei comigo a pensar numa das minhas brincadeiras que fazia com os meus amiguitos de então. O trânsito era muito pouco. Pouca gente tinha viatura própria nessa altura. Assim, quando se ia à janela quase que desesperávamos a ver chegar um automóvel. Quando tal acontecia era uma festa. Então uma das brincadeiras era jogar às matrículas. Por exemplo, um queria ficar com a designação OP e outro MT. E sempre que passava algum carro, lá estavámos atentos à matrícula para ver quem marcava pontos.  Como os carros não atingiam as velocidades de hoje, era fácil verificar as letras sem grande margem de erro. E assim passávamos tarde infindáveis onde víamos meia dúzia de carros a passar e no fim ganhava quem tinha mais siglas. Brincadeiras inocentes de crianças que não dispondo dos brinquedos, muito menos das tecnologias de hoje, lá ocupavam o seu tempo com estas coisas. E assim, sem que tal me tivesse assomado à memória anteriormente, acabei por viajar no tempo à minha já longínqua infância tudo à custa do coronavírus.  Por vezes, nas coisas mais terríveis que a vida nos oferece vamos buscar memórias cândidas dum outro tempo. Tal aconteceu agora. Será porventura a maneira de tentar ignorar esta terrível pandemia buscando pontos de referência que nos trazem momentos felizes dum outro tempo, mais simples e mais pobre mas, seguramente, mais feliz.

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