Turma Formadores Certform 66

Monday, August 17, 2020

Questões rácicas e outras estórias


Temos vindo a discutir - e pelas piores razões - a problemática do racismo entre nós. Acho estranho e mostra bem a capacidade da evolução (lenta) da civilização. Durante décadas sempre nos foi vendido o mito do país anti-racial que nós éramos. Isso nos diziam na escola desde tenra idade e, que desilusão, quando mais tarde viemos a ver as atrocidades que fazíamos nas chamadas 'colónias'. Sob a capa dos brandos costumes, lá íamos subjugando tudo e todos a bem ou mal, normalmente a mal. Depois do instaurar da democracia, assistiu-se a uma espécie de regresso das caravelas, e de um dia para o outro, vimos o nosso país encher-se de gentes doutras paragens. Das antigas ditas 'colónias' mas não só. O fluxo migratório sempre foi algo inerente à espécie humana. Foi-o através dos tempos e continuará quando a nossa geração já não ser mais do que uma memória inscrita no pó da História. Confesso que o racismo é algo que me deixa confuso. Isso significa a incapacidade do ser humano lidar consigo próprio, sob a capa duma cor de pele diferente, um credo religioso ou político que não o nosso, porque vivem em espaços geográficos diferentes embora agarrados a um mesmo planeta. Como se o espaço fosse propriedade de alguém. Se o escravizar animais, ou o desrespeitar a natureza, são ações que me incomodam, confesso que esta de não sermos capazes de viver uns com os outros, - seres da mesma espécie -, é algo que me custa entender. Acresce ainda que as sociedades ocidentais, fruto da sua política de natalidade, estão a envelhecer dia após dia. (Portugal, como sabemos, não é exceção). Daí as políticas de atrair outras gentes doutras latitudes para se instalarem em Portugal - o mesmo fazem outros países - e assim assegurar coisas tão básicas como a riqueza nacional e/ou a manutenção dos cofres da Segurança Social que nos onde ajudar na velhice a todos e que de outro modo hipotecaria aquilo que seriam as reformas, por exemplo, que onde ser pagas a quem abandona o mercado de trabalho. Coisas simples, básicas, tão básicas que não entendo a refrega numa altura em que Portugal tem que se concentrar em questões essenciais como a saúde, o aumento do desemprego ou a queda brutal da economia, fruto desta terrível pandemia que nos esmaga a todos. Afinal, e quem tem a memória ainda ativa, foi o que se passou com os portugueses que em décadas atrás emigraram para países como o Brasil, Venezuela, França, Suíça ou Alemanha. Se na América Latina tiveram um acolhimento mais simpático, já na Europa a que pertencemos nem sempre foi assim. Ainda me lembro bem do que via em alguns desses países quando à décadas atrás viajava para essas latitudes. Sou dos que acham que o simples discutir desta questão, já é um retorno civilizacional para não dizer mais. E fiquem com esta ideia basilar, não existe racismo de direita nem de esquerda, existe racismo e ponto final. Estas questões normalmente não devem ter por trás a geometria política cada vez mais 'demodé' mas sim uma análise clara que vai muito para além dos partidos ou figuras mais ou menos públicas, mais ou menos toscas. Esta situação é bem mais transversal do que à primeira vista possa parecer.

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