Turma Formadores Certform 66

Wednesday, September 02, 2020

Um anjo na noite - 2ª parte

Apanharam um táxi e lá foram avenida abaixo para a residência da loira. Durante o trajeto não trocaram palavra. Ela ia vendo o desfilhar de edifícios, carros e pessoas através da vidraça do banco traseiro, ele a seu lado, continuava com aquele olhar vazio que parecia que nem se dava conta do que estaria a acontecer. Depois de algum tempo no carro de vários quilómetros percorridos, lá chegaram à casa dela. Era um prédio cor de tijolo muito parecido com aqueles que se vêm em Harlem, mas não era Harlem aquele local. Era um sítio onde nunca tinha estado. Depois de pagarem o táxi coisa que ela fez sem perguntar fosse o que fosse, lá se dirigiram para o interior. Até aqui ele ficou desconcertado por ela não lhe ter sugerido que pagasse. Mas enfim, afinal era o dia de descobertas e ele queria ir até ao fim. A contrastar com o exterior, o interior do apartamento era luxuoso. Cores suaves emergiam das paredes onde quadros de pintores célebres se expunham aos olhares alheios. Na sala para onde foi conduzido, foi-lhe oferecida uma bebida. Desta vez bebeu. Estava deslumbrado e as mãos que lho ofereceram eram tão belas e delicadas que não podia rejeitar. Pela primeira vez reparou com mais atenção na sua interlocutora. Agora já sem aqueles agasalhos pesados para enfrentar o frio da estação, ela aparecia em todo o seu esplendor. Corpo esbelto, pernas longas e bem torneadas, pescoço alto encimado por um rosto belo, deslumbrante mesmo, pensou, donde se sentia emanar uma paz que ele não tinha e que tanto almejava. A conversa foi fluindo, sobre isto e sobre aquilo, sem rumo certo, um pouco ao sabor da corrente. Começou a sentir-se cansado, e quase adormeceu. Foi nessa altura que a mulher, apercebendo-se, lhe propôs irem até ao quarto. Ele estava confuso e parecia que já nem tinha vontade própria. Não sabia se deveria segui-la, ou simplesmente sair e ir para a sua casa. Mas ela agarrou-lhe a mão e arrastou-o. Ele sentiu a macieza desta e o calor que transmitia. Levantou-se e segui-a. Afinal ele já não comandava a situação. Algo ou alguém parece que se tinha apoderado dele e lhe impunha a sua vontade. Chegados ao quarto, sempre com aqueles tons suaves na decoração que o relaxavam, ela encaminhou-o para a cama. Uma cama larga e espaçosa. Ele sentou-se aturdido sem saber bem o que fazer. Se por um lado não queria estar ali, havia algo que lhe dizia para ficar. No entretanto, a mulher foi-se despindo, lentamente, numa espécie de striptease bem calculado. Ele foi vendo o corpo dela revelar-se como uma aparição. Foi sentindo um desejo enorme de a possuir. E ela continuava a despir-se muito lentamente e ele já não podia aguentar. Curiosamente, ficou a olhar para ela, continuava sentado na cama e nem uma peça de roupa tirou. Foi ela que, já totalmente nua, se dirigiu para ele com um largo sorriso e começou a despi-lo. Primeiro o sobretudo pesado que envergava, depois o casaco. Agarrou-lhe na gravata e puxou-o para si. Ele deixou-se arrastar surpreendido pelo gesto. Peça a peça foi ficando nu também. Abraçaram-se, beijaram-se sofregamente. Depois foi o inevitável sexo que os dois corpos ávidos já pediam. Ela percorria-lhe o corpo como se o conhecesse há muito, ele ia desbravando terreno no corpo que se lhe oferecia como uma revelação. Depois enlearam-se um no outro. Não havia diálogo, apenas o sussurrar de prazer que ambos emitiam, era o único som que se podia ouvir. Fizeram sexo uma e outra vez. O desejo parece que nunca era saciado. E assim estiveram horas, em silêncio, onde qualquer palavra só servia para estragar a magia do momento. Ele pensou que foram horas, mas bem lá no fundo, nem sabia se tinham sido horas ou dias. Aquele corpo quente e sensual a seu lado que se lhe oferecia de todas as maneiras era algo para lá do que ele poderia esperar. Com tudo isto os problemas que o afligiam tinham desaparecido, já nem se lembrava bem do motivo do seu desalento horas antes. Estava simplesmente nas nuvens como nunca tinha estado. E tudo isto se foi repetindo até que acabaria por adormecer profundamente.

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