Turma Formadores Certform 66

Sunday, September 24, 2023

'Protetores de animais' e redes sociais

Há já algum tempo atrás vi numa rede social a foto dum cachorro que foi oferecido a uma pessoa que bem conheço. No comentário a essa foto dizia-se que era 'mais um membro da família'. Achei interessante. Passados talvez um ano, esse cachorro que 'era mais um membro da família' passou a viver numa casa dum familiar dessa pessoa, acorrentado e sem ter acesso à luz do sol durante todo o ano, verdadeiramente emparedado. Vim a saber entretanto que esta cadela esteve para ser abandonada, mas que acabou por vir parar a esta casa porque estes familiares se apiedaram da situação. Esta cadela fez parte, de facto da família, seja lá isso o que for, e que até dormia na cama da dona. Que aconteceu depois? Que levou ao ser descarte ao ponto de terem equacionado o seu abandono sem mais? Um dia falei com a pessoa onde o cachorro está e expliquei-lhe que aquilo eram condições desumanas para ter um animal. Ele até concordou, mas ficou sem saber o que fazer. Mas na sua mente parece que as minhas palavras produziram algum efeito. Pouco tempo depois, esse animal foi transferido para uma outra zona, já sem corrente e onde pode apanhar sol. Contudo, e apesar das melhorias consideráveis que teve, o cachorro está num espaço de terra onde no calor a poeira é muita, quando chove é um lodaçal. E assim está ali aquele pobre animal sem carinho de ninguém, ou melhor, vai tendo algum carinho da dona adotiva, porque da restante família, nem um olhar, mesmo quando andam a passearem-se em frente a ele agarrados ao smartphone e nem com um olhar o brindam. E assim vai a vida da cadela que tentamos melhorar diariamente. Fazemos aquilo que podemos, porque este animal não é abandonado, tem dono, só que este não lhe liga nada. Já pensei em trazê-la para minha casa, embora tenha pensado em não ter mais animais, mas tenho agora a Rosita, que embora não sendo minha, se afeiçoou a nós vai para cinco anos. Não consigo afastá-la para que o cadela venha. Confesso que tenho pensado muito nesta questão, porque já em tempos tive que ir à liça para arranjar dono para um outro cão ainda bebé que também foi descartado, e também 'era família', para além dum outro que aqui viveu muitos anos e que desapareceu num qualquer canil. Chegados aqui pergunto: como é possível aceitar animais quando não se tem condições, ou não se gosta, ou não se tempo para eles, para depois os descartar? E quem os dá a pessoas assim também não pode ficar impune e de consciência limpa, porque esta o acusará até à eternidade. Quando se gosta de viajar, de ter outros gostos menos prosaicos ou afins, não podemos ter animais, e se os temos, então temos que mudar de vida, porque um animal é como um filho, e como tal, assume-se uma responsabilidade. Tudo isto é demasiado triste. Ando à muito para falar disto, mas sempre me impedi porque conheço as pessoas em causa e de quem sou amigo. Mas há uma altura em que já não podemos ficar calados porque isso implicaria conivência. Por isso, fica aqui o alerta. Cuidado com a hipocrisia que existe nas redes sociais porque as principais vítimas são sempre os animais. É muito bonito ser-se 'defensor dos animais' desta maneira. E não pensem que este é caso virgem. Conheci muitos destes casos e ainda piores protagonizados por estes 'defensores' que se exibem nas redes sociais ao longo dos muitos anos que dedico à causa animal. Tudo isto é muito falso e sem conteúdo. Estejam alerta porque há mais casos semelhantes a este, mais do que aquilo que possam pensar.

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