A crise financeira e a recessão VII
A crise financeira lá vai fazendo os seus estragos e, estou convencido, por mais tempo do que os políticos afirmam, embora, como já afirmei noutra oportunidade, a missão dum político seja o não criar pânico, apaziguando os efeitos menos bons da situação, mesmo quando vêm dum ministro, que também é um economista brilhante, como o Prof. Teixeira dos Santos. Nestas alturas assistimos a um pouco de tudo, à supervisão que não foi de todo eficaz, nem em Portugal, nem no mundo, bem como, à tentativa de alterar a regulação financeira criando um novo sistema a funcionar de uma nova maneira, não se sabendo ainda como vai ser, mas onde todos estamos de acordo é que, o sistema de Bretton-Woods, como o conhecíamos acabou. Neste novo cenário, à que pensar numa nova reformulação do sistema financeiro que, em Portugal, terá necessariamente de passar por uma concentração de bancos. É sabido que existem demasiados bancos "per capita" em Portugal, o que conduzirá inevitavelmente a um agrupamento que a todos beneficiará. O governador do BdP já o tinha afirmado, mas outros economistas, nos quais me incluo, têm a mesma opinião. Começamos já a assitir à aquisição pelo Banif do Banco Mais, e estou certo que, a curto prazo, outras se seguirão. Será um novo modelo que vai emergir, muito semelhante áquele que eu conheci quando ainda muito jovem, quando meu avô trabalhava no antigo Bank of London & South America, Ltd., já lá vão muitos anos. Paralelamente a isto, o acesso ao crédito será cada vez mais difícil e mais caro, o que até não será mau de todo, evitando aquela ilusão de facilidade que a banca deu nos últimos anos, onde tudo era simples, e que veio a colocar muitos portugueses, e não só, na vereda das maiores dificuldades. Essa ilusão levou a que muitos portugueses se fossem endividando, sem darem por isso, nesta economia de casino em que o mundo ocidental se transformou, muito por culpa da banca em geral, que agora também se vê a braços com o maior crédito mal parado de que à memória. Veja-se o caso dos EUA em que exitem casas à venda por pouco mais de um euro e não há quem as compre! O novo realinhamento tem que dar origem a uma nova mentalidade, desde logo, fazer sentir às populações que o dinheiro (crédito) não é tão fácil assim, alertando para as dificuldades para a sua liquidação para que as famílias façam os seus planos de vida sem por em causa a sua solvabilidade. Ao fim e ao cabo, era a mentalidade dá muitos anos atrás, ainda eu era menino. Só assim, vamos criando alguma sustentabilidade financeira, quer para as famílias, que não entram em ruptura, quer para os bancos, que não vêm o crédito mal parado a aumentar, quer para a economia como um todo, que vai retomando, paulatinamente, o seu equilíbrio, que todos desejamos. A concentração bancária será, seguramente, um primeiro passo, a que outros se seguirão, mas é um passo que tem que ser dado quanto antes.
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