Turma Formadores Certform 66

Tuesday, May 10, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 95

Agora que se aproximam as eleições, o circo mediático dos políticos entra no seu apogeu. Passos Coelho, no domingo passado, finalmente, lá apresentou o seu programa eleitoral, com imensas interrogações que todos nós colocamos e para as quais ainda não veio resposta. Desde logo, a tão polémica redução da TSU para as empresas, essencialmente as exportadoras. É certo que, a diminuição do imposto sobre o factor trabalho conduz, inevitavelmente, ao aumento do imposto sobre o consumo, como factor de compensação, e isso, segundo os manuais de economia, conduz a uma economia mais competitiva. Isto quando o país não tem moeda própria como é o nosso caso e o dos restantes países da zona euro. Isso é um facto, que até o PR enunciou - lá para dar uma mãozinha ao programa do seu partido (atenção à isenção em período eleitoral!) - mas o que ele não disse foi que o imposto sobre o consumo mais cego e mais rápido para o Estado obter receita é o IVA. Se a economia está como está, se é necessário crescimento - e desde logo, mais consumo das famílias -, como se vai compatibilizar tudo isto. Mesmo salvaguardando um cabaz básico de bens essenciais - coisa que o PSD ainda não assumiu frontalmente - não vemos como se vão criar condições para o crescimento, a menos que se ponha, em definitivo, os portugueses a pão e água, visto ser difícil ter dinheiro para mais qualquer coisa. Propostas ligeiras que parecem não ter em conta a maioria da população tão carenciada e esprimida. Sabemos que para os líder políticos essas realidades não passam de ficção porque os chorudos ordenados impede-os de passar pelo calvário que cada português está a passar hoje em dia e irá ver agravado nos próximos meses. Quando se fala do IVA não podemos escamotear alguma perplexidade por algumas taxas em vigor, como por exemplo, no futebol que é de 6%!!! Algo está muito mal e todos sabemos disso. Mas o PSD parece que entrou numa linha próxima dos ex-líder cubano que falava durante horas nos seus famosos discursos. Agora temos Eduardo Catroga que faz conferências de imprensa de duas horas (!) que são inexplicáveis para todos nós. (Não sei se assistiram à conferência de imprensa da "troika" à dias, mas nós que lá estivemos, assistimos a algo que não é comum entre nós, depois de concederem 45 minutos, a conferência durou... 46! Com perguntas directas onde não eram admitidos comentários. Temos muito a aprender com esta gente, e não é só no plano económico-financeiro). Mas esta atitude de Catroga até recebeu uns "mimos" de Marcelo Rebelo de Sousa, porque inexplicável. Aliás, a própria linguagem de Catroga nos tem parecido estranha, bem difente, do economista competente e ponderado que é, embora temos que ter em conta que ele tem que alinhar pelo diapasão do seu partido. Mas, nem tudo é mau, ainda existem vozes acervas na nossa sociedade como o responsável da Universidade de Coimbra quando falou com seriedade sobre a questão laboral, sobretudo, ao nível salarial, afirmando que, "no actual contexto, ou vamos ter uma mão-de-obra barata - e aí perdemos em competição com os chineses -, ou então vamos ter uma mão-de-obra qualificada". Visão muito acertiva e realista que gostaríamos de ver nos representantes dos patrões ou no líderes políticos. Por isso, temos que ter cuidado com aquilo que fazemos e, sobretudo, com aquilo que dizemos, sobretudo, se temos responsabilidades políticas. Daí o ser incompreensível - pelo menos para nós - que Passos Coelho tenha afirmado que "o programa do PSD é mais grave do o da "troika"(!)". Afirmações incompreensíveis para os portugueses, que tantos sacrifícios estão a fazer e vão continuar a fazer. (Como afirmou um jornalista, o programa do PSD assemelha-se a um avião em queda, e para aliviar o peso, deitam-se fora os... páraquedas!!!) Até parece que o programa da "troika" é uma coisa excelente. Não é, e já o dissemos na anterior crónica, e a maioria dos portugueses ainda não o leu ou não o compreendeu, para saber o que por aí vem. Daí a disputa entre os vários partidos - do arco governamental - para saber quem contribuiu mais para o plano, tentando cada um deles, dizer que o plano é uma coisa magnífica. É incompreensível e absurdo. Basta ver o que está a acontecer na Grécia, onde as taxas de juro não param de crescer, o que levou, no passado fim-de-semana, a que o "Der Spiegel" - revista alemã conceituada - a afirmar que a Grécia ponderava abandonar o euro. Embora prontamente desmentida a informação por todos os intervenientes é caso para dizer que não há fumo sem fogo, sobretudo, face ao evoluir da situação naquele país, e não esqueçamos, que tal pode vir a acontecer-nos também. A reestruturação da dívida grega é quase inevitável e poderá ser o nosso caso daqui a três anos se as coisas não correrem bem, sobretudo, se a economia não começar a crescer, o que nos afigura difícil com o plano da "troika". E caso se venha a verificar a saída da Grécia do euro, é quase inevitável que o mesmo nos venha a acontecer, o que também - estamos certos - será o fim do projecto europeu conforme o conhecemos hoje. A Europa está em crise - e Portugal não é excepção - mas no nosso caso, a sua ampliação fruto duma crise política, poderia ter sido evitada. No fundo, como é que os partidos que levaram à queda do governo justificam o apoio ao plano da "troika" baseado no PEC 4, que foi o pomo da discórdia? E para aqueles que negam as evidências, convidamos os interessados a analisar o PEC 4, ponto por ponto, e a analisar o plano da "troika" e depois tirem as vossas conclusões. A irresponsabilidade tem sempre um elevado preço, preço esse, que é pago por todos nós, não o esqueçamos...

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