Equivocos da democracia portuguesa - 93
Para além dos insultos, já habituais, entre os dois maiores partidos, nada mais houve, de significativo, na semana passada. O PSD efectuou a a sua iniciativa "Mais Sociedade" donde não saiu nada. Era para tirar ideias para o programa de governo, segundo afirmaram, programa esse que entretanto, já tinha sido entregue por Catroga a Passos Coelho!!! Eduardo Catroga que se veio a revelar uma figura turculenta dentro do diapasão tão querido do PSD, embora lhe desconhecessemos essa faceta. Chegou mesmo a afirmar que "os jovens deveriam levar a tribunal o PM e o governo", afirmação que até provocou arrepios ao próprio Marcelo Rebelo de Sousa. Quando culpou este governo pela situação, acabou por afirmar que tal já tinha acontecido à mais tempo, sobretudo, no governo de António Guterres. Se assim foi, não deixa de ser estranho que entre Guterres e Sócrates, tivessem havido dois governos PSD (!) que nada fizeram para inverter a situação. Um liderado por Durão Barroso, que logo que viu o sítio para onde tinha conduzido o país, apressou-se a fugir para Bruxelas, e o outro liderado por Santana Lopes que estava mais preocupado com as "santanetes" do que com o país. Quando se fazem acusações desta gravidade é preciso ponderar bem o que se diz para que o arremedo não cai sobre nós. Eduardo Catroga, que até foi ministro, deveria saber isso, o que torna mais incompreensível as suas afirmações. E, como disse Marcelo Rebelo de Sousa,"não deixam de dar um sinal confuso aos portugueses estas críticas, quando à seis meses estava a tirar uma fotografia conjunta de braço dado com eles". Do famoso programa do PSD nada se sabe, - se é que já existe de facto -, apenas algumas medidas avulsas vão saindo, para logo depois serem desmentidas, não se sabendo se são lapsos, irresponsabilidades ou simplesmente uma agenda oculta. A última tem a ver com a penalização aos desempregados com uma diminuição na reforma (!), isto além de lamentável, é um erro. Se as pessoas já não têm emprego porque deverão ser mais penalizadas na reforma? Estas são as medidas ultra-liberais de que vimos falando à muito tempo. E o aguardar o programa da "troika" não é mais do que tentar esconder por trás deste, as medidas que preconizam mas não têm coragem para apresentar directamente ao eleitorado. O PSD anda à deriva, onde o insulto tomou lugar, indo em sentido contrário, ao que o PR pediu para a próxima campanha eleitoral. O PSD está a dar brindes ao PS com estas atitudes irreflectidas. Quando um dos vice-presidentes do PSD diz que os benefícios fiscais só servem a burlões (?), que mais há a dizer. É preciso verificar que os benefícios fiscais são basicamente as despesas com a educação e com a habitação!!! Filipe Santos Silva do Expresso e Luís Delgado, ambos comentadores da SIC Notícias concluem, e bem, que: "O PSD vem com um discurso muito mais assustador do que o PS e isso não é só teoria". Afinal o PR - também ele PSD - parece não agradar aos actuais detentores do poder dentro do PSD, para o porém em causa desta forma desabrida e anti-nacional. O apelo à unidade - que não à "União Nacional" como diz Passos Coelho - parece, cada vez mais, cair em saco roto. O que se constacta é que os partidos - todos eles - envelheceram, enquanto o pensamento evoluiu, quer o dos cidadãos, quer da sociedade, o que conduziu a um envelhecimento precoce dos vários partidos se torne mais visível. Já aqui defendemos o aparecimento de novas forças políticas, mais próximas das populações e dos seus anseios, dado que parece que os actuais não têm já a capacidade de renovação que todos gostaríamos que tivessem. Mas a sociedade também tem que dar o seu contributo, desde logo os empresários que sempre têm vindo a terreiro defender a "economia privada", mas nunca os vimos defender a "economia de mercado" que é algo bem diferente. Criticar o Estado é fácil, mas nunca deixam de viver à sua sombra, mesmo quando o pretendem negar. Enquanto este triste espectáculo é dado com a "troika" entre nós, verificamos que o FMI e a UE - que se lhe juntou posteriormente - têm tido uma atitude mais flexível do que o BCE. O BCE está isolado no modo como apresentar a "factura" a Portugal. Parece que esta será diferente da grega, porque se constatou que na Grécia as coisas não melhoraram, bem pelo contrário, tendo os juros já atingido uns hitóricos 25%!!! Neste momento, sabemos que o governo apresentará as medidas da "troika" na próxima quarta-feira, e este será basicamente, o programa do governo - seja lá ele qual for - tudo o resto são meros arranjos políticos. Neste emaranhado de questões, vemos Paulo Portas com uma atitude bem mais contida do que os líderes dos dois maiores partidos. Parece evidente que, depois do apelo de Nuno Melo e de Teresa Caeiro, Paulo Portas está a posicionar-se para se apresentar como futuro primeiro-ministro, acima das querelas dos outros partidos que têm sido lamentáveis. Vamos esperar pelo plano da "troika" e ver o que o futuro nos reserva para os próximos anos. Entretanto, o "jingle" do PSD está tão confuso como as afirmações que andam a fazer. Nele se diz: "está na hora de mudar... Passos Coelho" (!). Será um erro de "casting" ou uma premonição? Vindo donde vem nunca se sabe... Resta acrescentar uma nota sobre a celebração do 1º de Maio do passado domingo. Contrariando a informação de que dispunhamos, as duas centrais sindicais desfilaram separadas - mais uma vez - e não em conjunto, conforme tínhamos dito em crónica anterior. É lamentável que, na situação actual, a união seja tão difícil de conseguir, perdendo todos com isso. Será que o problema de entendimento que se vem verificando nos partidos também já contagiou as centrais sindicais? Se é assim, também aqui achamos lamentável que tal suceda, embora tenhamos o sentimento de que os sindicatos apenas representam os que ainda estão empregados, deixando de fora os restantes, nomeadamente, os desempregados que representam uma mole imensa que invade este país. Por fim, uma palavra sobre a avaliação dos professores que voltou a ser confirmada pelo Tribunal Constitucional. Um processo que foi feito por uma oposição irresponsável que se aproveitou da queda do governo para, numa estranha aliança, tentarem reverter o processo. Se todos somos avaliados onde trabalhamos, porque será que os professores a rejeitam com tanta veemência? Dá que pensar. Já Marcelo Rebelo de Sousa o tinha afiirmado, mostrando-se contra esta "cruzada" da oposição. Afinal, qualquer pessoa de bom-senso seria assim que reagiria.
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