25 de Abril - 37 anos depois
Trinta e sete anos depois do 25 de Abril de 1974, vemo-nos abraços com uma crise profunda, financeira, económica, política, mas também de valores. Alguns interrogam-se se valeu ou não a pena. Um dos Capitães de Abril - Otelo Saraiva de Carvalho - já veio a terreiro dizer que "se soubesse ao que o país ia chegar nunca tinha feito o 25 de Abril". Afirmação polémica, como polémicas sempre foram as afirmações de Otelo, que levou a que o presidente da Associação 25 de Abril - Vasco Lourenço, ele também Capitão de Abril - viesse dizer que "as acha incompreensíveis". Mas, apesar disso, muitos portugueses fazem a mesma pergunta de Otelo, porque nunca pensaram que trinta e sete anos depois, estejamos numa situação tão debilitada, com tantos problemas, como estamos. Coincidência ou não, este ano, fruto da dissolução da AR, não se fazem as habituais comemorações da data, embora se pudesse ter agendado a reunião da AR - mesmo dissolvida - se tivesse havido vontade política para isso, o que não houve. O PSD da "democrática" Madeira, também rejeitou uma proposta da oposição para comemorar o 25 de Abril!!! Nada que nos surpreenda, porque isto apenas dá corpo àquilo que os dirigentes madeirenses pensam do 25 de Abril, mas sobretudo, da democracia. Cavaco Silva, talvez depois das muitas críticas que foram feitas pela não celebração da data, veio anunciar que quatro dos útimos PR irão discursar em Belém para assinalar a data. Pobre sucedâneo. Será que os cravos estão a murchar ao fim deste tempo. Motivos até nem faltam. Mas quando os políticos se esquecem da data, ou nada fazem para a celebrar, algo de muito errado vai na nossa sociedade, e a crise não será, seguramente, a causa última de tudo. O 25 de Abril de 1974 foi um sonho lindo, - foi, porque parece que já não o é mais - dado aquilo que nos têm feito passar, fruto de políticas desastrosas e de políticos irresponsáveis. Mas é neste momento que nos devemos unir, ir buscar a força e a determinação lá ao fundo do baú, porque uma nação com quase novecentos anos de História, vivenciou já muitas situações bem mais graves do que aquela por que estamos a passar, e foi-as sempre superando. Foram as lutas internas fratricidas, guerras civis devastadoras, perda da própria independência, situações bem mais profundas do que a crise actual. E se sempre nos unimos nesses momentos para os superar, com toda a certeza, também seremos capazes de nos unir neste momento tão difícil, para além das nossas diferenças, irmanados numa causa comum, a Nação que todos nós somos. Utilizando o pensamento de Otelo, achamos que valeu a pena porque, como diria o poeta, "vale sempre a pena quando a alma não é pequena". Não podemos deixar que os cravos murchem, mas para isso temos que os regar com a nossa determinação, vontade, trabalho, unidade para o bem de Portugal.
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