Equivocos da democracia portuguesa - 186
Após o escândalo das secretas estar a desaparecer dos "media", o assunto vai caindo no esquecimento - à boa maneira portuguesa - e quem nele esteve envolvido aparece de novo como se não se tivesse passado nada. Alguns dos intervenientes até já o tinham anunciado!... Na sequência disso, apareceu à dias Miguel Relvas a anunciar um programa para combater o desemprego jovem. A atitude até poderia ser louvável, não fosse encerrar em si mesmo, o incentivo ao emprego precário e aos baixos salários que, indubitavelmente, conduzirá à emigração. Isso era o que o PM defendia e pelos vistos está a criar as condições para que tal venha a acontecer. Ao fim e ao cabo é a estratégia dum insígne PSD como António Borges, cujas afirmações provocaram até desconforto no CDS/PP que não evitou mostrar o seu desagrado. Afinal para quem defendia que os jovens deveriam procurar resolver o seu problema de emprego fora das fronteiras do seu país, não se poderia esperar outra coisa. Embora Cavaco tenha vindo dizer que esperava que isso não acontecesse, porque tal empobreceria o país, sobretudo, a nível de cérebros de que tanto Portugal precisa. Mas a ironia do destino por vezes tem foros de realidade. E isso aconteceu com Miguel Relvas - certamente sem o desejar - acabou por dar um dos maiores elogios ao programa educacional dos governos de Sócrates, quando falando na apresentação do tal programa, veio dizer que "Portugal tem uma geração de jovens qualificados que nunca teve". O que é verdade. Basta comparar o nível educacional do último governo PSD de Santana Lopes e aquele que o actual governo PSD foi encontrar. Pelo meio, esteve uma estratégia educacional sem par, dando qualificação a muitos portugueses que nunca esperaram tê-la, como foi o caso das Novas Oportunidades, tão odiado por este governo. A estratégia educacional de então foi muito elogiada no estrangeiro, mas agora convém não se falar disso, perante um governo que não pretende ter muitos portugueses qualificados, porque é deles que virá a contestação, dentro duma estratégia que por cá passou à muitos anos atrás e que pensavamos que tinha sido erradicada de Portugal. Basta ver o que se passou com a pasta da cultura, e não são precisos mais comentários!!! Mas, infelizmente, o problema educacional não é o único com que o nosso país se confronta. Mergulhado numa crise sem par, numa recessão que não se vislumbra quando terminará, Portugal recebeu mais uma má notícia. A economia portuguesa teve a maior quebra do PIB no 1º trimestre. Coisa que já todos sabíamos e que o governo pretendia ocultar. O que não é novidade visto a depauperação da economia é feita diariamente numa estratégia de baixos salários em nome da competitividade sem nexo. Não é preciso ser economista para ver que isso não passa duma falácia, que o próprio PR veio desmistificar à dias, afirmando, e bem, que o aumento da competitividade é feita pela via da inovação e do empreendorismo. Mas este governo, na sua senda ultraliberal ignora os alertas, apenas conhecendo a política de cortes sobre cortes, mesmo em sectores básicos da vida como a saúde. Beneficiando os privados em detrimento do SNS, todos os dias vemos os desaforos que se fazem. E mais uma vez Cavaco aparece a dizer que espera que "nunca se deva pôr em causa o acesso à saúde por razões económicas". Mas o governo actual é um governo ultramontano, aparecendo a defender coisas depois de todos os outros o já terem feito. E para quem tiver dúvidas, veja-se o caso do emprego jovem. O governo apresenta um programa, 300.000 desempregados jovens depois, - 36,6% do desemprego jovem (!) -, para o tentar combater com as questões que atrás já explanamos. O mesmo sucedendo com a saúde, onde chega depois de os privados já terem subtituído o SNS em muitos sectores e regiões. Até na Europa. Se a Europa já começa a falar de "eurobonds", só quando quase todos se vão manifestando nesse sentido, o governo ainda vai dando os primeiros passos nesse sentido. Agora que a UE começou a perceber que a Espanha poderá ser a próxima vítima - a banca já está sob protecção -, quando os principais bancos alemães e austríacos vêm baixar o seu "rating", a solidariedade europeia começa a aparecer. É ver o que se está a passar, e a solidariedade demonstrada para com a banca espanhola coisa que não vimos quando Portugal entrou em dificuldades. Agora que os alemães começam a ver que só podem crescer com os negócios com os outros países à volta, que neste momento estão em apuros, já há quem se comece a questionar sobre se a Alemanha pode continuar a fazer de conta que a crise é só dos outros e a manter-se de fora. A banca alemã e a austríaca já começou a sofrer os primeiros cortes de "rating". É que a zona euro está estagnada e sem dar sinais de retoma. Christine Lagarde à dias, afirmava duma forma jocosa que " os dirigentes europeus deviam ser fechados numa sala e dela só sairiam quando encontrassem uma solução para salvar o euro". O caos está instalado na UE, e por cá, as coisas não andam melhor. Para quem tinha soluções para resolver a crise em dois meses, parece que se equivocou ou então... mentiu! Ao fim e ao cabo o importante era "ir ao pote"!
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