Turma Formadores Certform 66

Sunday, July 29, 2012

Conversas comigo mesmo - CII

Neste tempo de Verão e de férias uma pergunta se impõe: que escolha que nos resta? Os profetas da esperança sonham que há-de chegar um dia em que as palavras fome, bairros da lata, racismo, guerra, cairão de tal modo em desuso que ninguém saberá já o seu significado. Mas quando chegará esse dia? O papel dos profetas é alargar-nos os horizontes do possível e fazer-nos desejá-lo. Mas isso não basta para que ele se torne realidade. Por isso, esse dia sonhado tem a ver com uma questão fundamental que se coloca nestes termos: Queremos nós uma sociedade fraterna, uma sociedade onde cada um encontre hipóteses e condições para uma vida com dignidade, segurança, sentido? Ou resignamo-nos perante uma sociedade cheia de injustiças e de desigualdades gritantes e que deixa na beira do caminho os fracos, os inadaptados, os improdutivos, os estrangeiros pobres, os velhos? Claro que não é suficiente fazermos a opção certa e justa por uma sociedade mais humana, mais solidária e fraterna. É preciso levar à prática essa opção, dispondo-nos para a mudança de mentalidade, de critérios, de hábitos, de estilo de vida que ela implica e para os sacrifícios e renúncias que, às vezes, também acarreta. No Evangelho consagrado a este 17º domingo do tempo comum pode ler-se: "Vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: ' - Onde havemos de comprar pão para lhes darmos de comer?' Disse-Lhe André: ' - Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?' Jesus respondeu: ' - Mandai sentar essa gente...'. " É preciso, como nos lembra o Evangelho, pegar nos nossos "cinco pães e dois peixes" e pô-los ao serviço do bem comum. E o mesmo Evangelho ainda acrescenta que "Jesus sabendo o que eles queriam afastou-se sozinho da multidão". A imagem do Homem Só pungente, de que aqui já falei bastantes vezes, é também o símbolo dos nossos dias. Numa sociedade materializada, que hoje sonega aquilo que muito ofereceu - coisas da tão falada crise! - ficamos cada vez mais sós, mais desamparados, não tanto por um ato reflexivo, mas pelo desamparo dum mundo e duma sociedade que muito deu e quase tudo tirou. Aproveitemos este período de férias para, mesmo sozinhos, refletir sobre o mundo em que vivemos, sobre a sociedade a que pertencemos, por tudo aquilo que nos envolve, seja o nosso semelhante, sejam os animais, seja a natureza, e tentemos buscar, - tentemos fazer -, um mundo melhor a começar por nós próprios.

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