Equivocos da democracia portuguesa - 193
Afirmava Teófilo Braga que "quando os partidos se confundem com o regime, ou se governa pelo despotismo, ou pela conjunção de políticas partidárias". E vem isto a propósito ainda do caso Relvas, que todos os dias tem novos desenvolvimentos e agora ampliado pela jucosa intervenção ontem na Madeira de Alberto João Jardim, que reivindica para si mesmo quatro licenciaturas, uma delas em veterinária. Mas este caso, artificial ou não, vem dar algum jeito ao governo, embora lhe cause simultaneamente algum embaraço. Porque enquanto ele durar ninguém se lembra do ministro da economia - o tal de quem nunca nos lembramos do nome - que anda perfeitamente a navegar sem rumo, ou do ministro das finanças, que terá a missão mais espinhosa de começar a desenhar o OE para 2013. Como se viu no debate da nação a semana passada, Passos Coelho não disse nada de relevante, porque não o pode dizer enquanto não consultar a "troika" - que virá em Agosto a Portugal - porque tudo dependerá daquilo que esses senhores aceitarem ou não. (Aí está o protetorado!) E não vá o caso Relvas não chegar até lá, aparece o líder da JSD, Duarte Marques, a lançar uma cortina de fumo sobre o caso envolvendo Mariano Gago. Toda a gente sabe que o processo de Bolonha foi uma determinação europeia, mas este não conduz às tropelias do caso Relvas. A acreditar numa informação dos "media", parece que Relvas não se cansa de dizer aos jovens do seu partido que não façam como ele. Primeiro estudem e depois entrem na política. O que indicia, desde logo, que estudar foi o que Relvas não fez, com ou sem processo de Bolonha. Pedro Marques Lopes, um PSD assumido, não deixa de dar visibilidade ao assunto, e vai mais longe, admitindo a saída de Relvas para Agosto ou Setembro, indicando que o aparelho já lhe foi retirado por Passos Coelho, quando o deu a Moreira da Silva. E acrescenta que lá mais para o fim do ano, a quando da apresentação do OE, o PR pode vir a exercer a sua magistratura de influência, e a tentar um governo de base mais alargada com o PS ( no célebre modelo de governo central) embora preveja que o CDS não acompanhe esta ideia. As divisões entre PSD e CDS começam a aparecer em público, como foi notório no caso dos comentários ao TC por parte do PM e Paulo Portas, o que pode vir a facilitar as coisas. E, como diz o povo, não há fumo sem fogo. Marcelo Rebelo de Sousa ontem lançava o nome de Marques Mendes para substituir Relvas. As facas estão a afiar-se! Assim, muita coisa pode vir a acontecer nos próximos tempos, num tabuleiro onde as peças poderão já estar lançadas à muito. Mas o que é importante, para além da espuma dos dias que a história não relevará, é o OE que está a ser pensado, não só porque ele nos vai afetar a todos, mas também, porque dele vai depender o futuro deste nosso país tão maltratado nos últimos tempos. E da Europa cada vez devemos esperar menos porque ela anda sem ideias e sem glória, num intricado "bàs-fond" de corredores e gabinetes, onde o sentido deste espaço e dos países que o compõem, está cada vez mais desfocado. Desta Europa sem rumo - tal como Portugal - não se pode esperar grande coisa. Esta Europa está a cair aos bocados, onde o termo "lixo" tão usado pelas agências de "rating" ultimamente, pode vir a aplicar-se a este espaço que já foi de progresso e bem-estar e hoje anda perfeitamente à deriva.
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