À memória de um grande Homem – Herbert von Karajan
Herbert von Karajan nasceu em Salzburgo a 5 de Abril de 1908
e viria a falecer em Anif a 16 de Abril de 1989. Tornou-se famoso por ser um
dos mais importantes maestros do século XX, tendo passando 35 anos à frente da
Orquestra Filarmónica de Berlim. Mas para mim, ele foi muito mais do que um
brilhante maestro, ele foi um excelente técnico de som. Muitos puristas estarão
a ficar arrepiados com esta afirmação, mas é a pura das verdades. Karajan veio
revolucionar a técnica de gravação orquestral, colocando microfones em zonas
estratégicas da orquestra, ampliando o som e dando uma outra dimensão às obras.
Tornou-se célebre a gravação das nove sinfonias de Ludwig van Beethoven onde
esta técnica foi apresentada pela primeira vez. As obras de Beethoven que são
possuidoras dum som pungente, viram-se projetadas numa outra dimensão que até
aí o público não estava habituado. Essa coleção de sinfonias veio a conhecer a
luz do dia numa excelente sequência de gravações digitais apresentadas pela
Deutsche Grammophon. Embora com alguns anos, ainda são inspiradoras para muitos
engenheiros de som nas gravações mais recentes. Dono duma classe ímpar, Karajan
viveu muito tempo em Salzburgo, numa casa que fica paredes meias com uma das
casas onde viveu Wolfgang Amadeus Mozart, na mesma praça e onde já tive o
prazer de estar. Pura coincidência ou premonição, o certo é que ele também se
tornaria uma celebridade incontornável do século XX, mesmo para aqueles que não
são cultores da música dita clássica. Apesar de, já nos últimos anos de vida,
se ver envolvido numa polémica em torno da sua pretensa admiração do regime nazi,
o certo é que isso não bastou para ensombrar tão elevada personalidade que
muito contribuiu para a divulgação da arte musical. Ontem passaram 23 anos sobre o
dia da sua morte e queria aqui recordá-lo, não só pelo artista que foi mas,
sobretudo, pelo que muito influenciou muitas das pessoas que percorrem este
género musical. Foi pela mão de Karajan que aprendi a gostar de alguma música
que até aí me parecia um pouco inacessível. Este é o condão das grandes
personalidades que conseguem transformar o difícil em algo de acessível, mesmo
para os não iniciados, como se dum passe de mágica se tratasse. Para além das polémicas,
fica o grande homem, o grande artista e tudo o resto, aquilo a que se costuma
chamar de “espuma dos dias”, inevitavelmente foi parar no caixote do lixo da
História onde normalmente se encontram esses ruídos do mundo. Hoje celebra-se a
sua memória, e essa nunca deixará de pairar sobre todos nós, como é apanágio
dos grandes homens.
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