Turma Formadores Certform 66

Thursday, February 21, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 241

A máscara finalmente caiu! Apesar de o Carnaval já ter passado, só agora a máscara do executivo caiu. Já todos o sabíamos. Já muitos de nós o tinhamos escrito e defendido. Afinal a renegociação do prazo para ajustar o défice foi hoje anunciada na AR por Vítor Gaspar. O mesmo que, entoando em coro a lauda do PM, ia dizendo que "nem mais tempo, nem mais dinheiro". O tempo afinal não é suficiente e, embora ainda não o digam, a inevitabilidade de mais dinheiro estará aí ao dobrar da esquina. Mas o anúncio de Vítor Gaspar é ainda importante e significativo por um outro motivo. É o assumir do fracasso do OE 2013, a sua incumpribilidade, como muitos de nós já tínhamos aqui afirmado a quando da sua aprovação. E o anúncio de Vítor Gaspar é ainda mais importante porque assume o falhanço do governo e da sua política que apenas tem servido para destruir a economia e fabricar desempregados. O ultraliberalismo nunca foi uma via credível em nenhum país, por isso, e como em tempo oportuno aqui o referenciamos, ó ultraliberalismo só se firmou quando apoiado com uma força musculada, numa deriva ditatorial, de que são exemplo a Argentina e o Chile, e até o Brasil dos coronéis, nos idos de 70, 80 e 90, do século passado. Tirando isso, ele nunca foi solução e em Portugal também não o será. Com o descontentamento a crescer, com o assédio aos membros do governo onde quer que apareçam, este governo está cada vez mais fechado em si próprio, longe das gentes, sem apoio de ninguém. A máscara do governo caiu de facto hoje na AR. É um dia histórico porque para além da retórica política todos ficamos a saber que já nem o governo acredita naquilo que anda a fazer. A Europa já tinha dado o sinal quando o adjunto de Ohli Rehn, Simon O'Conor, veio a terreiro dizer que "o crescimento de Portugal é dececionante". Tudo estava dito. A própria UE já não acredita, o governo já não acredita, os portugueses já não acreditam. Afinal o que estão estes senhores a fazer no poder à um ano e meio? A esconder-se atrás do passado? Agora já nem esse os salva. O grito das populações já se faz sentir. Gente que se organiza aqui e ali, não parecendo enquadrada politicamente por ninguém, mas que estão simplesmente fartos. De novo, a "Grândola, vila morena" se voltou a ouvir. As emoções voltaram a aparecer. Mas não deixemos de notar o perigo que tudo isto encerra para o regime. É certo que isto não vai lá só com canções, mas o sinal está dado. A bem do regime o executivo deveria tirar as necessárias ilações e rapidamente antes que as canções se calem para dar lugar a outros argumentos. E isso seria grave. E isso seria um rude golpe na democracia. Agora que a máscara caiu, apesar do Carnaval já ter passado à muito, porque esperam para tirar as inerentes conclusões?

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