Turma Formadores Certform 66

Monday, March 25, 2013

O mundo em mudança ou o ultraliberalismo a todo o custo

O mundo está numa encruzilhada. A Europa está numa encruzilhada. Portugal está numa encruzilhada. O mundo está a mudar muito rapidamente e as pessoas têm que se ajustar a uma nova realidade, a um novo paradigma. Com mais instabilidade, menos Estado, mais precariedade no emprego, enfim, tudo aquilo que era a realidade em que vivíamos onde o dinheiro jorrava como leite e mel, simplesmente, acabou. Num mundo em mutação onde o que era verdade ontem, hoje poderá já não o ser, tudo é instável e efémero. Numa Europa que detinha o paradigma mais evolutivo a nível das instituições, com um apoio à saúde que fazia inveja ao mundo, todos olhavam para esta velha Europa e gostariam de pertencer a ela. Na sua ânsia desmedida, esta Europa que se foi unindo na sua visão de um imenso espaço comum, não atentou nas diferentes realidades, nos diversos graus de desenvolvimento que os estados, que queriam entrar, então apresentavam. Tudo se iria resolver mais à frente diziam, e afinal, não se resolveu. Agravou-se. A Alemanha, que já esqueceu os tempos de fragilidade que viveu num passado muito recente - a da reunificação - achou que devia ajustar contas com os outros estados, mesmo aqueles que os ajudaram a sair do lodaçal em que então estavam mergulhados. Uma Alemanha que já tem no seu palmarés duas guerras mundiais, - que perdeu -, devia ter uma visão mais pacata do mundo em redor. Mas não, e não percebeu que os velhos fantasmas não tinham desaparecido, apenas estavam adormecidos. (Veja-se a associação de Merkel à imagem de Hitler, ou a saudação nazi feita sempre que a Alemanha está por perto). A Europa evidencia assim, uma falta de rumo, uma falta de estratégia, uma fragilidade das suas instituições, desde logo, a Comissão Europeia. Comissão que até, aqui e ali, é ignorada pela toda poderosa Alemanha. O sonho duma Europa unida e, sobretudo, solidária, desmorona-se a cada dia que passa. Longe vão os sonhos de Jean Monet, tão bem traduzidos anos mais tarde por Jacques Delors. Mas isso era quando a Europa tinha estadistas e não amanuenses da política em busca de protagonismo pessoal. A Europa é o espelho dos seus estados membros. Uma Europa fraca composta por estados fracos. Veja-se o que se passa entre nós, onde o governo já não consegue resolver os imensos problemas, sempre utilizando uma manta demasiado curta que, quando cobre uma parte destapa a outra. Apesar da nossa já longa História - somos dos países mais antigos que conservam as suas fronteiras - isso não nos ajuda quando se trata de ajustar políticas que nos são impostas - embora outras derivem da vontade exclusiva do governo - numa tentativa vã de encontrar soluções para este sistema matemático perto de ser considerado irresolúvel. A "troika" é bem exemplo disso. Na semana passada veio assumir que afinal o desemprego era bem maior do que aquele que esperavam. Afirmações destas, ou são políticas, ou mostram que esta gente não sabe o que anda a fazer. Portugal e os outros países intervencionados estão a ser usados como cobaias de modelos nunca antes testados reproduzindo aquilo que foi o laboratório que os ultraliberais americanos fizeram na América Latina entre os anos 70 e 90 do século passado. Ao fim e ao cabo, os protagonistas são os mesmos ultraliberais que se infiltraram um pouco por todo o lado e, como uma cancro, vão corroendo tudo à sua volta, sejam países ou instituições. O mundo está em mudança. Os mais ricos parecem ser cada vez mais ricos, os pobres mais pobres. A classe média reduzida à miséria e ao descrédito. Este poderia ser o enredo duma qualquer teoria da conspiração. E quando olhamos para o mundo que nos cerca, vemos que não temos para onde fugir. Este modelo evolui como uma tenaz que a tudo e todos esmaga. Só que a miséria dos povos leva sempre ao desespero. Por enquanto ainda surdo ou canalizado para manifestações mais ou menos controladas que têm servido para descarregar a tensão. (Virá o dia em tudo se passará de maneira diferente. O Kosovo ainda está presente nas nossas memórias para dele retiramos as necessárias ilações). Mas chegará o tempo em que não será assim. E depois?...

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