Turma Formadores Certform 66

Thursday, March 14, 2013

Francisco I - O 266º Papa da Igreja Católica

"Habemus papam"! Ontem, dia 12 de Março de 2013, pelas 18,05 horas de Lisboa - 19,05 horas de Roma -, bem ao início da noite, foi nomeado o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como o novo Papa - o 266º - com o nome de Francisco I. Bispo emérito de Buenos Aires conhecido por viajar em transportes públicos sempre muito próximo das populações foi o homem que disputou a eleição com Bento XVI há oito anos atrás. Franscisco I - temos que nos ir habituando ao nome - herda uma pesada herança dentro da Igreja Católica. Desde logo, os inúmeros casos de pedofilia que já não é possível ocultar. Mas os escândalos financeiros e as sombras que pairam sobre o Banco do Vaticano serão outros dos assuntos quentes que terá entre mãos. Já aqui falei a quando da resignação de Bento XVI do problema que envolveu o Banco Ambrosiano e que culminou com o aparente "suicídio" do seu maior nome na Torre de Londres. E este facto que se desenvolveu no consulado de João Paulo II - embora o caso já remontasse a Paulo VI - foi sempre uma sombra que nunca foi totalmente dissipada. Foi através deste problema que a Opus Dei ofereceu os seus serviços junto do Papa de então e de um momento para o outro não nos cansamos de ouvir elogios a este grupo dentro da Igreja por parte de João Paulo II. Alguns até achavam inconveniente o peso que a Opus Dei começou a ter dentro da Cúria desde então e esta eleição parece configurar esta questão. Francisco I é um franciscano de formação jesuíta que terá que equilibrar as forças dos "lobbies" dentro do Vaticano. (Como jesuíta será seguramente um homem empenhado e culto, mas também um homem que terá uma visão menos apologética da Opus Dei que tem influenciado o Vaticano nos últimos anos). Veremos o que daí virá e quais as posturas que terá, embora como sabemos, a Igreja Católica faz tudo isto com enorme discrição e lentamente, sem que se dê por isso. Mas Francisco I é ainda uma surpresa por ser o primeiro Papa de fora da Europa (embora filho de pais italianos) desde o século VIII quando Gregório III que veio da Síria ocupou a cadeira de S. Pedro. Isto dá ideia duma Igreja que desloca o seu eixo para um continente onde o catolicismo está a ter uma grande expansão face a uma Europa cada vez mais descristianizada. Alguns orgãos de comunicação começaram logo por dizer que Francisco I enquanto cardeal se opunha ao casamento gay. Penso que isso não será o mais importante porque dificilmente veremos na Igreja Católica um Papa a defendê-lo. Não só o casamento gay como a ordenação de mulheres ou o casamento de padres. A Igreja Católica é muito tradicionalista e as mudanças são muito ténues e demoram por vezes séculos. Esse tem sido o segredo da pujança desta Igreja até aos nossos dias. Mas mais do que processos de intenção temos que dar o benefício da dúvida a quem chega e que a pouco e pouco mostrará o seu projeto. Começou bem, em minha opinião, com uma humildade típica dos franciscanos, quando pediu que orassem por ele e se curvou perante a massa enorme de fiéis que se reuniram na Praça de S. Pedro. Isso não bastará, mas foi um primeiro sinal. O importante é que, apesar da idade, (74 anos, contrariando as expectativas dum Papa mais jovem), este Papa tenha a força suficiente para remodelar o Vaticano e as forças que se acolhem no seu seio. Será seguramente uma tarefa ciclópica mas não impossível. Agora há que esperar serenamente sem atavismos de espécie alguma. O tempo irá mostrando aquilo de que é capaz. Francisco I escolheu o nome dum dos maiores reformadores da Igreja Católica, S. Francisco de Assis, um ecologista, um defensor dos animais e dos mais humildes no seu tempo. Será que isso quer dizer alguma coisa? Será que este será o tal "bispo negro" das profecias? O tempo o dirá. Por agora, apenas temos que aguardar e dar o benefício da dúvida a quem chega, com certeza, armado das suas melhores intenções. Nesta Primavera que se aproxima, que este Papa seja também uma espécie de Primavera da Igreja que dela tão carecida anda. Viva Francisco I! Viva o Papa!

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