A Alemanha “über alles“!
A Europa começa a ficar preocupada,
finalmente! Juncker veio ontem alertar para os perigos que o caminho que a
Europa está a trilhar pode conduzir. O primeiro-ministro luxemburguês apela
para os primeiros sinais que todos podemos ver nas campanhas eleitorais italiana
e grega, - mas, em boa verdade, poder-se-ia falar do sentimento dos países do
sul da Europa como um todo -, e afirma: “De repente, surgiram ressentimentos
que julgávamos terem desaparecido para sempre”. E não deixou de mostrar
preocupação pela excessiva ideia dum antieuropeísmo, bem como, uma mostra de um
certo antigermanismo, sobretudo na Grécia, que radica na “forma como alguns
políticos alemães se referiram ao país e que deixou profundas feridas na
sociedade grega”. O ex-líder do Eurogrupo vai ainda mais longe na entrevista
dada ao Der Spiegel, quando afirma que “estamos perante o ressurgir de velhos
fantasmas que julgávamos adormecidos”. Esta é uma visão acertada e que já por
diversas vezes defendemos neste e noutros espaços. Quando vemos, também por cá,
estes mesmos sentimentos, em especial o antieuropeísmo, ficamos muito
preocupados. A Europa tem sido a guardiã da paz neste continente que nunca
perdeu um ensejo para se degladiar e autodestruir. E se dúvidas houvesse, e
apesar da União Europeia, veja-se o que aconteceu nos Balcãs com a guerra do
Kosovo. É certo que quando os países se sentem esmagados por uma atitude
sobranceira, roçando até a humilhação, não podem ficar indiferentes. A atitude
alemã tem sido deste jaez face aos países periféricos e pobres do sul, e
Portugal não se afastou muito deste diapasão. Por trás duma certa facilidade,
dum certo abrandar de mão para iludir o povo, o certo é que todos sentimos a mão
pesada que todos os dias nos esmagam, nas nossas vidas, nas vidas dos nossos
filhos e netos. Mesmo com um governo atento e obrigado, subserviente até dizer
basta, (como é o nosso), perante a tirania germânica é compreensível que as
populações não fiquem indiferentes. E se falamos de Portugal, pior cenário está
imposto noutros países, desde logo a Grécia, berço da civilização ocidental e
que teve uma tremenda compreensão para com a Alemanha quando esta precisou de ajuda sob a forma dum
resgate para equilibrar as suas contas, depois da reunificação. Ninguém esquece
o que a Alemanha contribuiu durante o século passado para a destruição da
Europa e para por o mundo a ferro e fogo. Ainda está patente na mente de muitos
a ideia duma Alemanha que queria governar o mundo “über alles“. Se pensavam
que os velhos fantasmas estavam enterrados, pois desenganem-se. E a atitude do
chamado "motor europeu" face aos restantes países está aí para nos fazer
lembrar.
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