Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
Celebra-se hoje mais um Dia de Portugal, numa altura em que o nosso país está a passar por uma das mais graves situações da sua já longa História de quase 900 anos! Freitas do Amaral, a semana passada, comparou a atual situação àquela que se viveu aquando de Aljubarrota, numa altura em que o país era dominado pelos Filipes de Espanha. Hoje, tal como nessa época, o nosso país sofre uma ocupação - a ocupação mais eficiente dos nossos dias, já não com exércitos, mas pela subjugação financeira e económica - ocupação que nos transformou num protetorado onde não bastam as palavras de contrição - que não transformadas em atos - do FMI. País humilhado por uma governação submissa aos intreresses estrangeiros - como já aqui denunciamos por diversas vezes e que agora, - só agora -, começa a ter voz pública dentro dos próprios partidos da coligação. (Veja-se as intervenções de Miguel Frasquilhos do PSD e de João Almeida do CDS/PP a quando da apresentação do OE retificativo na passada semana). Vozes tardias mas que são bem vindas neste coro de degradados em que esta governação nos transformou. Não será dispiciendo apelar a que os leitores destas linhas façam uma comparação da governação anterior com a atual. Podemos não concordar com a anterior, mas convenhamos que ela deixou o país em bem melhor situação do que está neste momento, onde já nem a esperança resiste. Hoje o país está a colher algumas das sementes lançadas à terra nessa governação de então - veja-se o que está a acontecer com o evoluir de Portugal no "ranking" tecnológico mundial; o elevado número de cientistas portugueses que vêm o seu trabalho reconhecido pelas grandes instituições do saber mundial; o prémio europeu para o Simplex, só para citar algumas - enquanto esta governação, em contrapartida, não deixará nem legado, nem saudades, apenas o rasto de miséria, de desemprego, de falências, de recessão, como nunca se viu nesta terra lusa. Mesmo em tempos de ditadura a situação nunca chegou ao patamar em que esta governação irresponsável nos colocou. A dívida não pára de aumentar, o défice é esmagador, todos os indicadores apontam para o colapso desta governação que arrasta o país para uma situação de que não se livrará tão cedo. Mesmo o facto de haver, possivelmente, eleições antecipadas não resolverá o problema. Porque muito do que foi destruído levará gerações a ser reposto, e outras coisas que ora foram aniquiladas nunca mais as teremos de volta em Portugal. É neste cenário que se comemora mais um Dia de Portugal! Não vemos motivo de celebração deste Portugal amordaçado como pensamos que nunca mais o veríamos, ainda por cima, ou talvez por isso, invocando o nome de Camões, que hoje serve para embelezar uma estirpe de lusitanos vencidos, tal como ele foi vencido, humilhado e ofendido, poeta maldito, apenas e só porque não foi sabujo dos poderes de então. E como se ainda não bastasse, associam-se também as Comunidades Portugueses no mundo, diáspora que tende a aumentar por efeito das políticas desastrosas que levam aquilo que de mais precioso temos, que é a juventude, e sobretudo aquela mais bem preparada, mais qualificada, a emigrar - com a benção dum primeiro-ministro irresponsável! - farta de se sentir a mais no seu país, sem futuro, sem esperança e sem amanhã. Neste três em um, que se tornou o Dia de Portugal - talvez por efeitos da poupança! - não vemos de facto motivo para festejar. Para além de discursos de circunstância, redondos, e como tal, inócuos, para além de umas medalhas que se atribuem aqueles que se consideram os nossos maiores - será que alguns o são de facto? - a maioria do povo passa ao lado destas comemorações. Porque já não se revêem nesta situação que os leva a preocuparem-se todos os dias em conseguir meios para a sua subsistência, para ter comida à mesa. Neste país de miséria, a que a miséria desta política nos conduziu, apenas nos resta o choro e o ranger de dentes bíblicos. Mas tenhamos esperança! Vítor Gaspar na semana passada, a quando da apresentação do OE retificativo, esclareceu esta massa amorfa de portugueses embrutecidos, que a situação que se vive tem a ver afinal com a... metereologia!!! (Gaspar queixa-se que tenha chovido muito no... Inverno! Não deixa de ser extraordinário!) E aqui, contrariamente a muitos de nós que ouviram estas palavras com incredulidade, nós vemos nelas um sinal de forte esperança. Como estamos a ir para o Verão e o tempo deve melhorar, - deve ficar mais soalheiro -, concluímos que afinal não há motivo para desesperos. Dentro de poucas semanas, com a vinda do calor, este país se transformará num oásis, onde o leite e o mel jorrarão pelas paredes. (Palavra de Gaspar que até promete aprender e muito com os seus inúmeros erros!) Afinal porquê tanto desalento? A nossa salvação está à distância de poucos dias, onde o desemprego será apenas o que restará dum sonho mau, o défice desaparecerá, a dívida estará toda paga, a economia crescerá como nunca! Afinal, até temos motivos de sobra para celebrar o Dia de Portugal!...
0 Comments:
Post a Comment
<< Home