Equivocos da democracia portuguesa - 259
Mais uma semana passada neste calvário que se tornou a vida deste país. Ficamos a saber - seria que já não advinhávamos? - que se bateu mais um recorde entre nós, desta feita no desemprego. Viemos a saber que a dívida está cada vez maior, viemos a saber que algumas agências de "rating" colocaram de novo Portugal no clube da bancarrota, viemos a saber que o défice não pára de aumentar. Depois de tudo isto, com uma economia já bem dentro da espiral recessiva, sem crescimento e sem perspetivas, que esperança ainda resta a todos nós? A emigração, dirá Passos Coelhos nesta sua vertente positivista de quem vê que tudo, por pior que seja, "está em linha com as previsões do governo"!!! Mas que previsões do governo se todas elas falham dia após dia, e que são desmentidas quer pelas autoridades financeiras nacionais e internacionais? Quando nem já as gentes dos partidos da coligação acreditam neste projeto, é caso para perguntar porque será que o governo se mantém em funções? Pela simples razão de que temos um Presidente da República que cada vez mais se assume como um presidente de fação, mantendo este governo pela motivação muito prosaica de que é do seu partido. Desenganem-se aqueles que acham que a sua manutenção é do interesse nacional. Apenas se mantém para que, a ideologia ultraliberal que o anima, destrua o pouco que ainda falta destruir em Portugal, criando assim, condições de irreversibilidade de muitas medidas que levariam gerações a construir. Quando Passos Coelho num dos seus discurso dizia que o seu projeto "ia muito para além da 'troika'" - enfatisando o "muito para além" - confirmou as piores intensões. Já não é o reequilibrar as contas que está em causa, não é o criar condições de Portugal regressar aos mercados, não é o livrarmo-nos deste protetorado em que nos encontramos e que nos esmaga. Não! O que verdadeiramente está em causa, é a implementação dum projeto ultraliberal que está a ser seguido pela própria UE, e que mudará a face da Europa e, quiçá, poderá por em causa as próprias instituições que levaram muito tempo a ser implementadas, cumprindo o sonho de alguns visionários. Esta é a verdadeira realidade e a ela não podemos fugir. Tudo o resto não passa de espuma dos dias. Como ontem um comentador dizia, quando o Primeiro-Ministro for embora, irá dizer ao seu pai "que foi requalificado"? É que até para colocar pessoas no calvário do desemprego é preciso dignidade e seriedade. O governo não tem nem uma nem outra, e ainda por cima nem coragem tem para assumir com frontalidade que também, e ironicamente, está a contribuir para aumentar esse recorde de desemprego com esta saga que envolve os funcionários públicos. Depois de tudo isto, é legítimo perguntar, afinal que fazer? A resposta passará por muitos caminhos mas, seguramente, não basta cantar a "Grândola" para se encontrar um novo rumo.
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