Equivocos da democracia portuguesa - 258
Apesar dos colossais problemas que abalam Portugal, a semana ficou marcada por uma palavra "palhaço"! Mas já lá chegaremos. Com toda a certeza num país em que a dívida não pára de crescer -os juros a alimentam só por si -, num país onde o défice é bem maior do que aquele que este executivo herdou - apesar das desculpas -, num país onde internamente os governantes dizem que o TGV morreu e lá fora dizem que afinal irá ser construída uma linha em bitola europeia para mercadorias e para... passageiros - é uma exigência de Bruxelas como já há muito afirmamos neste espaço e como tal tem que ser feito -, num país onde o desemprego bate recordes sobre recordes - a estratégia ultraliberal é a isso que conduz como já aconteceu em muitos países - veja-se a realidade que viveu a América Latina nos anos 70, 80 e 90 do século passado -, depois de tudo isto, - e apenas estamos a falar dos mais significativos -, temos um governo que diz que tudo está bem e que tudo está dentro daquilo que era expectável, não podemos deixar de achar essas afirmações uma valente "palhaçada"! Quando assistimos a um Presidente da República que, - como já assumiu publicamente -, está a pensar manter o "status quo" afastando do seu pensamento o cenário de eleições antecipadas, que pensar desta estratégia, - ou melhor dizendo, da falta dela -, que não seja uma incrível "palhaçada"! Mas apesar de tudo isto, não subscrevemos as palavras de Miguel Sousa Tavares quando afirma que na presidência da República está um "palhaço"! Percebemos o contexto em que tal foi dito, mas também sabemos que, por vezes, Miguel Sousa Tavares é controverso no uso das palavras. (Apesar deste ter vindo a terreiro assumir o seu erro). E isso não subscrevemos. Como o denunciamos num outro tempo quando os protagonistas eram outros. Podemos achar o que quisermos do Presidente da República, podemos achar o que quisermos do governo, mas não podemos deixar que a livre palavra, usada a esmo, seja pretexto para o insulto suez às instituições. A pessoa visada não pode ser separada do cargo que ocupa e daí o ter que existir algum recato no verbo por si só. Porque quando se insultam as instituições, quando de arrastam na lama os símbolo dum país, não é só o país que se sentirá ofendido, é também o regime que sai fragilizado. Nesta altura em que alguns profetas da desgraça se aproveitam da miserável situação para que este governo nos arrastou, para por em causa o próprio regime, temos que ter cuidado com este tipo de afirmações. Porque para além das pessoas, sejam elas boas ou más, as instituições representam sempre muito mais. Em democracia as pessoas estão de passagem, as suas afirmações são efémeras, como limitado no tempo o seu poder. Mas as instituições - pilares da democracia - essas permanecem para além de quem momentâneamente exerce esse poder. Podemos e devemos ser críticos com os políticos que nos têm (des)governado nestes últimos anos, mas isso não poderá - nem deverá - por em causa o regime democrático que, por demais defeitos que encerre, ainda não apareceu nenhum outro que o substitua com mais qualidade.
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