No 50º aniversário da morte de Aquilino Ribeiro
Aquilino Gomes Ribeiro nasceu em Sernancelhe no Carregal a 13 de Setembro de 1885 e morreu em Lisboa a 27 de Maio de 1963, cumprindo-se hoje o seu quinquagésimo aniversário do seu desaparecimento. É considerado por alguns como um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do século XX. Inicia a sua obra em 1907 com o folhetim "A Filha do Jardineiro" e depois 1913 com os contos de "Jardim das Tormentas" e com o romance "A Via Sinuosa", 1918, e mantém a qualidade literária na maioria dos seus textos, publicados com regularidade e êxito junto do público e da crítica. Foi desde cedo um lutador pela liberdade em tempos difíceis de ditadura, onde sê-lo acarretava sempre grandes dificuldades e privações. Aquilino Ribeiro também as sentiu na pele, mas nunca deixou de aspirar a ser um homem livre. Lembro-me, ainda um jovem aluno, de como as obras de Aquilino eram evitadas ou vendidas quase às escondidas, onde professores mais empenhados delas falavam nas suas aulas, mas sempre quase em segredo, porque nesses tempo de escuridão, o simples facto de se falar dum escritor como Aquilino Ribeiro era um ato considerado subversivo. O autor da "Casa Grande de Romarigães" ou "Terras do Demo" era considerado por Salazar como "um grande inimigo do regime" (sic) e isso, só por si, bastava para o seu banimento. Daí o me insurgir quando vejo, hoje em dia, as instituições democráticas serem insultadas - mesmo que seja pelas melhores razões - lembro-me sempre do tempo de servidão que vivi num outro contexto, num país amordaçado, que muitos - entre eles Aquilino Ribeiro - sofreram para que as novas gerações não saibam o que isso foi, não passando apenas de algo longínquo que se estuda nos manuais escolares. E fico triste, quando vejo os jornais do meu país a dedicarem páginas e páginas a coisas comesinhas e efémeras como o futebol e poucos darem a visibilidade devida a esta data. Coisas dos tempos que correm, que tal como no tempo de Aquilino, servem para alienar as populações e desviá-las daquilo que é essencial e que nos devia preocupar a todos. Como é usual dizer-se "a História sempre se repete", ao que acrescento, "mas nunca da mesma maneira". Daí a necessidade de estarmos atentos para que, duma forma subreptícia, não voltemos a um passado do qual não nos orgulhamos.
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