Turma Formadores Certform 66

Sunday, October 27, 2013

Tempo de reflexão

Talvez pela proximidade do dia de Todos os Santos logo seguido pelo de fiéis defuntos, sempre propício à reflexão, sobretudo por parte daqueles que, como eu, já não têm ninguém onde todos já estão a engalanar a minha galerias de ausentes. Talvez por isso ou talvez não! O certo é que dei comigo a refletir sobre este ritual dominical da missa que por cá ainda se vê e se sente semana após semana. Cada vez mais um ritual de gente mais consumida de anos, embora os mais jovens não deixem de aparecer e até duma forma significativa, coisa rara nos dias que correm. Tudo isto afinal, pelo facto de pensar que o simples gesto de ir à missa é apenas um ritual ou encerra mais do que isso? Veio-me à memória um facto conhecido dum bispo a quem perguntaram quantas pessoas iam à missa ao domingo na sua diocese. Ao que ele respondeu: "Realmente é uma questão que me interessa e me preocupa. Mas o que me preocupa mais é saber como saem da missa os que lá vão". Eis uma resposta curiosa e profunda que vem, precisamente, ao encontro da mensagem do evangelho. Aí se mostra como dois homens vão ao templo para orar e como, segundo os critérios de Jesus, saem de modo tão diferente. Um sai "outro", isto é, convertido e justificado. O outro sai "o mesmo", isto é, fechado e intocável na sua auto-satisfação. E porquê este diferente resultado? Porque não basta ir ao templo à oração. É preciso uma atitude interior de abertura, de humildade. de confiança e de conversão. Podemos entrar no templo com o peso dos nossos egoísmos e ambições, dos nossos ressentimentos e rancores, com o peso dos nossos fracassos ou das recusas aos gestos de colaboração e de partilha. Podemos entrar com a certeza de que Deus não nos rejeita nem julga, acolhe-nos na sua misericórdia. Mas o nosso encontro, por isso mesmo, não pode ser mera rotina, tem de marcar a nossa vida e renová-la, tem de nos fazer sair com outra disposição e outro rumo, com outros sentimentos e outro espírito. Mas é assim que saímos? Será assim a diferença entre o ritual vazio e sem sentido ou a participação ativa e envolvente. Como é que de lá saímos, aqueles que por lá passam? Uma questão profunda que merece a reflexão e, desde logo, num domingo, mais um em que o ritual se cumpre. Será apenas um ritual? Creio que deveria ser mais do que isso...

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