"Aparição" - Vergílio Ferreira
Vergílio António Ferreira foi um grande escritor português do século passado, que projetou a sua obra num momento particularmente difícil da vida do seu país. Vivia-se então os tempos da ditadura do Estado Novo. Embora formado como professor, foi como escritor que mais se distinguiu. Nasceu em Gouveia a 28 de Janeiro de 1916 e viria a falecer a 1 de Março de 1996. O seu nome atualmente associado à literatura através da atribuição do Prémio Vergílio Ferreira. Em 1992 foi galardoado com o prémio Camões. Detentor de vasta obra literária e de ensaios, Vergílio Ferreira foi sempre condicionado, como todos os escritor do seu tempo, pela política então vigente. Uma das suas obras veio a conhecer as telas de cinema, trata-se de "Manhã Submersa", que teve a mão de Lauro António. Dessa vasta obra, trago-vos hoje "Aparição", - livro publicado em 1956 - que me parece ser o romance mais autobiográfico do autor e considerado um dos seus melhores livros. Nele se narra a ida dum professor para Évora e das peripécias em que se vê envolvido, onde tudo era visto com o espírito mesquinho próprio das pequenas urbes e onde as suas aulas particulares de latim que dava a uma menina de família não escaparam ao escrutínio das populações. A sociedade hipócrita onde a aparência era a palavra chave, onde os chamados bons costumes não passavam duma fachada atrás da qual se cometia a mais abjeta imoralidade, fornece-nos um belo retrato de época que se espraia entre os anos 40 a 50. Um romance interessante, com uma estória singela, mas que marca, duma forma indelével, a época em que foi escrito. Só muito mais tarde foi reconhecido, - o escritor e a obra -, como acontecia sempre com aqueles que não eram os maiores defensores do regime político dessa altura. Um livro a ler ou a reler porque é um dos marcos da literatura portuguesa do século passado. A edição é a Livraria Bertrand.
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