Turma Formadores Certform 66

Monday, October 07, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 289

Na quinta-feira passada assistimos a uma conferência de imprensa com Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque e Carlos Moedas sobre a 8ª e 9ª avaliações da "troika". Foi até patético o ar compungido de Porta quando fala dos desempregados sendo certo que nada sente por eles. Foi a Portas que coube o anúncio de que não haveria mais austeridade. Este anúncio deixou-nos intranquilos porque as medidas que estão em vigor não chegam, claramente, para atingir os objetivos propostos. E a resposta à nossa perplexidade durou apenas quarenta e oito horas. No sábado já se falava nos cortes das pensões de sobrevivência - antiga pensão de viuvez - que, como o próprio nome indica, tem como alvo os mais fracos que depois de perderem o cônjuge ainda têm que fazer face à vida num momento particularmente doloroso. Ontem a TSF confirmou e o ministro Mota Soares também. Era mesmo verdade, já ninguém está a salvo deste governo delapidador de tudo e de todos embora não consiga cortar nas suas próprias "gorduras", a saber, as mordomias e luxos em que vivem nos seus faustosos gabinetes com os seus carros de luxo pagos por todos nós. Portas que devia ter apresentado a reforma do Estado em Fevereiro passado não o fez, optou por indo introduzindo medidas destas à socapa dos portugueses. Para quem se dizia o paladino dos mais desfavorecidos, estamos entendidos. Este executivo que persegue, à mais de dois anos, os portugueses, melhor faria em dar uma imagem mais sólida de si próprio, coisa que sempre foi incapaz de fazer, e agora até para o exterior, dá uma imagem verdadeiramente lamentável. Depois de Relvas, depois de Maria Luís - a miss "swap" como é conhecida - agora temos Rui Machete e logo na pasta dos negócios estrangeiros. O escândalo em que se vê envolvido pelas inverdades no caso BPN, parece não bastarem a este ministro "que não acerta uma" - Marques Mendes dixit - desta feita pela defesa da oligarquia corrupta angolana que com dinheiro sujo, da tortura, do abuso, do sangue da sua própria população - veja-se o livro "Diamantes de Sangue" de Rafael Marques - vai comprando Portugal a saldo. Mais uma mixórdia que não envolve apenas o ministro - o que seria o menos - mas sim, uma nação que se vê ajoelhada perante os tiranetes do momento, grandes defensores e paladinos do "socialismo" das suas chorudas contas bancárias que roubam aos angolanos. (Veja-se o comentário sórdido no Jornal de Angola ontem publicado e assinado por um sabujo qualquer a soldo da ditadura angolana). Mas este governo de escândalos - sempre o foi desde o seu primeiro dia - até chegar ao ponto de esconder medidas antes da realização de eleições na tentativa vã de não prejudicar a sua imagem partidária, como foi o caso também ontem revelado, do encerramento de cinquenta por cento das repartições de finanças. O grave não é o seu encerramento - embora daí vá resultar mais desempregados seguramente - mas que alternativas sobram às populações onde elas forem extintas. Tudo em nome duma austeridade e rigor das contas públicas que este governo persegue e que nunca alcança, nem alcançará, com estas medidas que impedem o crescimento da economia. Não esquecer que quando o governo tomou posse a dívida representava pouco mais de noventa por cento do PIB e agora é de cento e vinte e sete vírgula quatro por cento!!! E isto só nos diz que o OE 2014 será uma tremenda ficção porque inatingível. A "troika" sabe-o e olha para o lado porque não quer um segundo resgate, sobretudo, dentro desse formato, que surgirá num qualquer programa de apoio com outro nome e, seguramente, sem o FMI que não está interessado em continuar nesta arrazoada. Daí a ideia do "masoquista" que Cavaco tirou da cartola, logo seguido pelo governo e pelos partidos que o apoiam num carreirismo serôdio que toca a falso. Aliás, se quem acha que a nossa dívida é insustentável é apelidado de "masoquista" porque será que Cavaco volta a insistir num pacto com os três partidos do arco governamental? Não esqueçamos que quando a ideia surgiu era, precisamente, pela dívida ter contorno de insustentabilidade. Então em que ficamos? Neste vendaval de iniquidade que varre a sociedade portuguesa não é de admirar o desencanto dos portugueses face aos políticos que lidam mal com a verdade. As autárquicas já foram dando o sinal. O número de independentes e os votos que recolheram são disso um alerta importante. Embora se corra sempre o risco da generalidade porque a democracia não se faz sem partidos. Uma contradição em que nos vemos amarrados e de que a "troika", também aqui, não tem culpa nem pode servir de justificação.

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