Sobre cuidar! - Paulo, "Carta aos Coríntios"
Anteontem, dia 1 de Outubro, celebrou-se o dia do idoso. Veio-me à memória este texto que agora reproduzo e que diz assim: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse o DOM DE CUIDAR seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse o DOM DE CUIDAR, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse o DOM DE CUIDAR, nada disso me aproveitaria. O cuidado é paciente, é benigno; o cuidado não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Cuidar tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Cuidar nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o cuidar com amor, estes três; mas o maior destes é cuidar com amor!" Adaptação, pelo geriatra Márcio Borges, da Primeira Carta de Paulo ao Coríntios, Cap. 13. Numa época em que se faz a apologia do belo, o doente, o velho são simplesmente descartáveis. Este texto faz-nos refletir sobre a condição humana neste mundo materializado, que idolatra o dinheiro e o poder, achando que a vida nunca mais se esgota. A velhice, a doença, o sofrimento, a morte são apenas para os outros. Mas não é assim. A vida diz-nos, dia a dia, que não é assim.
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