Turma Formadores Certform 66

Monday, September 16, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 282

Esta semana inicia-se com mais uma visita da "troika" - agora renovada com novas caras mas com o mesmo propósito -, estarão em curso a 8ª e 9ª avaliações. Esta visita é percursora das medidas que irão constar do OE2014. E aqui é que está a questão. A cerca de um mês da apresentação do OE2014 na AR, ainda parecem existir dúvidas quanto ao valor do défice! Portas diz que Portugal irá renegociar os 4% para 4,5%, Passos Coelho diz que ainda é cedo para se falar nisso e Maria Luís Albuquerque diz as duas coisas, depois do puxão de orelhas de Bruxelas (que está mais preocupada em saber se a crise política criada por Portas está resolvida ou não). É sabido que a UE não gosta que se falem em público destas coisas, e com eleições na Alemanha a terem lugar no próximo domingo, ainda menos. Mais uma vez o governo demonstra a sua inabilidade política acabando a falar a duas vozes. Se a posição de Portas é razoável, porque temos sempre cumprido e parece ter sido este o motivo da viagem que fez com a ministra das finanças pelas instituições que compõe a "troika", não parece razoável que publicamente se venha falar de algo que ainda não está definido, e muito menos no momento político melindroso que a Alemanha está a viver. Para um alemão falar de alargamento do défice é equivalente a dar mais facilidades aos países do sul esbanjadores por natureza! E isso põe em causa a política de Merkel que afinal tem sido o verdadeiro motor da austeridade dos países sob resgate. Tanta inabilidade política vinda de Portas, um político sagaz e experimentado é, no mínimo, estranho. Mesmo que tivesse sido como forma de pressão, o momento não seria o melhor. Seja como for, o que interessa aos portugueses é que a austeridade vai continuar, a carga fiscal poderá até aumentar, contrariamente ao que o PM vai dizendo. Mas é também certo que o governo continua a estar em desintonia, a falar a várias vozes e, o que ainda é mais preocupante, a não ter um valor claro para o défice para o OE2014 a cerca de um mês da sua apresentação, que era de esperar que todo o trabalho técnico já estivesse feito. Neste país de equívocos, num executivo já ele equivocado, tudo é de esperar. Enquanto isso, os portugueses esperam ansiosos por mais um pacote que lhes vai tolher, ainda mais, a vida e a capacidade de subsistência.

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