Turma Formadores Certform 66

Tuesday, October 22, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 294

Apesar de no debate quinzenal da passada semana o primeiro-ministro ter negado a existência de negociações com vista a um segundo resgate, depois da ministra das finanças ter seguido o mesmo diapasão a quando da sua longa apresentação do OE 2014, o certo é que já há muito se ouvia falar dessa possibilidade. Nós já aqui tínhamos dito que nos parecia difícil que em Junho de 2014, - com o fim do programa negociado com a "troika" -, tudo estivesse terminado. Ontem o ministro da economia, a partir de Londres, veio afirmar que tudo está a ser ultimado para que no início do próximo ano se comece a falar dum "programa cautelar". Hoje no debate que a antena 1 em parceira com o semanário Económico realizou sobre o OE 2014 o secretário de Estado Carlos Moedas veio falar no mesmo sentido do ministro da economia, apenas lhe chamando um "seguro" em vez de "programa cautelar". Como já aqui o afirmamos por diversas vezes, chamem-lhe o que quiserem, mas do que realmente se trata é dum segundo resgate. Ocultando-se por trás da semântica o governo vai dizendo as mesmas coisas utilizando diferentes designações para ver se os portugueses não percebem o que está em causa. Com o desempenho que o governo está a ter do programa de ajustamento esta situação vem ganhando corpo a cada momento que passa. Daí que venham levantando o véu aos poucos, mas sem ainda dizerem o que estão a negociar realmente e quais as condições impostas. Uma coisa é certa, não nos vamos ver livres da "troika" em Junho de 2014. Ela sairá por uma porta e entrará por outra, nem que seja oculta por trás duma qualquer máscara de conveniência de momento. Isto significa que após estes anos de sacrifícios e de austeridades o país está bem pior do que aquilo que estava quando este executivo tomou posse. E se o país está no estado em que está, a Europa  - que está a caucionar esta política - também não anda melhor. A política ultraliberal falhou apenas a Alemanha agiota de Merkel teve um desempenho positivo de toda a zona euro. Isto é significativo. Queiramos ou não, estamos a cair no abismo, embora a ritmo mais lento - este é o eufemismo das estatísticas - mas não deixamos de cair. E se dúvidas ainda existissem o OE 2014 aí está para o demonstrar.

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