Turma Formadores Certform 66

Wednesday, January 15, 2014

Equivocos da democracia portuguesa - 316

Neste início de ano, não faltam as laudas do governo a um ano de redenção. Mas já outros que passaram foram iluminados pelas mesmas ideias que depois se vieram a desfazer na ignomínia. Este, estamos convencidos, não fugirá à regra. Porque, embora seja o ano do fim do memorando da "troika", isso só por si não significa que seja um ano de libertação. Porque, com ou sem programa cautelar, teremos sempre - e ainda por muitos anos - a supervisão dos credores. (Basta ver a troca de dívida que foi feita em Dezembro último atirando os pagamento que estavam prestes a vencer para ... 2040!) Isto só por si, dá bem a ideia da "supervisão" que continuará a existir sobre Portugal. E isto para não falar de algo de que se fala muito que é a dum programa cautelar. Esta será a questão semântica para segundo resgate, queiramos ou não, afirmem ou não os políticos. Como já aqui dissemos em tempos idos, a austeridade e toda esta carga esmagadora sobre os portugueses veio para ficar. Este governo pressionado pela "troika" mas também aproveitando a boleia para implementar a sua agenda ideológica, depauperou o país, mas ainda não o suficiente e a saga irá continuar. Basta ver as declarações de ontem de Ohli Rehn quando afirmou que a responsabilidade do que está a ser feito em Portugal, nomeadamente nos cortes das pensões e na venda de património "são opções do governo e não da 'troika'". Já em tempos idos o chefe da missão - Subir Lall - tinha dito o mesmo. Portugal renascerá das cinzas empobrecido, delapidado do seu património, sem futuro e sem esperança. Ainda ontem também, se veio a saber que a Fonsun - a empresa chinesa que comprou a parte de seguros da CGD, afinal pode não ter dinheiro suficiente para pagar. E quem o disse foi a Fitch e a Standard & Poor's! Ironias do destino... E nesta ilusão, nesta cortina de fumo que o executivo vai criando para que os portugueses não tenham a perceção da realidade, quando fala de "protetorado" e agora de "libertação", tal não passa de palavras vazias apenas para ocultar a triste realidade e virar as atenções. Embora pensemos que já ninguém se deixa embalar neste canto de sereia porque já viu o suficiente para não acreditar em promessas ou "slogans" políticos. O importante é que passados quase três anos o resultado é um rotundo fracasso. E se dúvidas houvesse, é ouvir as insinuações sobre o "herança do governo anterior", que é o modo mais claro de assumir a incapacidade de resolver os problemas. E vai daí, ainda se continua a apertar mais. É a saúde que está destroçada, veja-se os tempos de espera escandalosos que se verificam em quase todos os hospitais; é a escola pública sem rumo e que a moção prontamente retirada - dada a polémica que levantou -, da Juventude Centrista no congresso do CDS/PP na passada semana, de diminuir a escolaridade obrigatória para o 9º ano (!) diz bem das intenções destes senhores. (Quem tem dinheiro que vá para o privado ou outros vão trabalhar - onde? - ou imigrem). Isto diz bem da matriz das gentes que nos governam. Um povo inculto é mais dócil e menos reivindicativo. Onde e quando já teremos ouvido isto? Este cenário escuro e triste diz bem do início deste ano. Onde o governo só vê oportunidades e claro sol, e os portugueses só vêm desilusão e a negritude duma noite que teima em não clarear e deixar romper um  novo dia. Em resumo, o que falta é uma ideia para Portugal.

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