Turma Formadores Certform 66

Tuesday, March 25, 2014

Um alerta à Europa

Nesta pesada máquina de burocracia em que se tornou a UE, os seus Estados-membros nem sempre conseguem encontrar o rumo por que almejam, como é o caso de Portugal. Cada vez mais, são os senhores que povoam os corredores de Bruxelas que tudo decidem, em nome dos Estados e que estes acabam por ratificar. Se as fragilidades europeias nunca se puderam ocultar, por mais tentativas vãs que se fizessem, quando os grandes acontecimentos surgem, onde são precisas atitudes e reações rápidas e decididas, tal nunca conseguimos ver. Viu-se as indefinições a quando da crise dos Balcãs, que conduziu à guerra do Kosovo. Mais recentemente, com a crise da Crimeia e a redefinição das fronteiras da Europa por uma Rússia ditatorial, - algo que não acontecia desde a II Guerra Mundial - que sabe que tudo pode fazer porque estará sempre impune, sobretudo, por parte da Europa, que tanto necessita da Rússia por questões económicas, desde logo, o gás. E sempre que falamos em questões económicas, vem-nos à memória toda a crise que a Europa está a passar, que atingiu fortemente os países periféricos como o nosso, (mas que não escondem que aquilo que nos aconteceu está a minar muitos outros Estados), embora se tenha tentado ocultar a situação. A UE também aqui não soube lidar com o problema. Não basta definir uma série de políticas a esmo que depois esbarram nas oligarquias de Bruxelas. Como por exemplo a Europa 2020 que designa a estratégia de crescimento para a União Europeia de 2010 a 2020. Documento importante, mas que a burocracia vai arrastando pelos corredores desvirtuando o seu conteúdo e desfasado no tempo em que devia ser implementado face à realidade vigente. Depois apareceram as medidas do chamado "Six-Pack", que não é mais do que um conjunto de regras económicas e fiscais com vista a que a Europa possa ultrapassar todo o emaranhado em que se encontra. Este foi o mais determinado reforço da governação económica da UE e da zona euro desde que foi lançada a União Económica e Monetária à quase 20 anos. Daqui surgiu a disciplina financeira na busca duma estabilidade da economia da UE com vista a prevenir novas regras dentro da União. Mas tudo isto só acontece enquanto as chamadas economias dominantes não estão em apuros porque quando se vêm neles logo esquecem os tratados. O caso mais evidente foi a da fixação dum limite ao défice público. Mas quando a Alemanha e a França não cumpriram o acordado, logo se deixou de falar do tema. E isto serve apenas para afastar os europeus do seu projeto comum, sonho de tantos que tentaram criar no pós-II Guerra Mundial, uma Europa como um campo de paz. Isso até se veio a verificar, mas os sinais que ora aparecem não são de todo tranquilizadores. Porque Estados-membros reduzidos à miséria, condenados à pobreza por muitos anos, não é, seguramente, o melhor indicador para que os europeus se revejam nesta União. E quando isso acontece, logo os populismos ganham terrenos sejam eles de que natureza forem. Os eurocéticos são cada vez mais, a abstenção nas eleições europeias são um dado cada vez mais preocupante, e agora os resultados das autárquicas em França no passado domingo com uma vitória importante da extrema-direita deve ser o sinal de alerta para que a UE, enredada nestes trocadilhos ultraliberais que a reduziram a quase nada, percebam que podem estar a criar um grande fator de divisão na Europa, pondo em risco a união de todos os europeus e a paz, que tem sido uma das maiores virtudes do projeto europeu. Este é um sinal de alerta que deve fazer pensar todos, mas depois terem estratégias consentâneas e coerentes para que tal não aconteça. Pondo de lado os nacionalismo serôdios, a política quase paroquial que tem ditado os últimos anos da UE. Até agora, temos visto uma Europa hesitante, quase adormecida. Chegou o tempo da ação e da coerência se, de facto, queremos manter este projeto europeu em funcionamento.

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