Turma Formadores Certform 66

Tuesday, March 18, 2014

Equivocos da democracia portuguesa - 328

Costuma-se dizer que a verdade é como o azeite, acaba sempre por vir ao de cima. E esta verdade começa a emergir pela mão improvável de Pedro Santana Lopes. Este recusa-se a “fustigar” José Sócrates e garante que o ex-primeiro-ministro não pode ser o culpado por tudo o que se passa no país até porque durante o mandato “tomou muitas boas medidas”. E, não o esqueçamos, Pedro Santana Lopes foi quem perdeu a governação precisamente para José Sócrates. Mas dele tem a imagem dum homem que foi importante na governação e que seria necessário um homem com as características dele nos tempos que correm. “Eu não sou daqueles que fustiga o engenheiro Sócrates a dizer que ele é o culpado por tudo o que se passa em Portugal. Acho essa ideia absolutamente caricata e ridícula”, começa por dizer o social-democrata em entrevista ao jornal Público. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa há quase três anos, Santana Lopes frisa que “a principal culpa pelo que se passa em Portugal são fatores externos”, - o que já muitos diziam há demasiado tempo -, lembrando que Sócrates se “desorientou” no final do mandato e “tomou muitas medidas erradas”, mas, no entanto, ressalva que “durante vários anos desenvolveu políticas corretas e tomou muitas medidas boas”. Finalmente, e contrariamente à propaganda do atual executivo, as culpas de tudo isto porque estamos passando derivam de fatores exteriores e não da governação de Sócrates. Todos o sabíamos já mas, tal como na propaganda nazi, uma mentira reproduzida "ad infinito" acaba por se tornar uma verdade. E será bom que não se esqueça que tudo começou com a crise do imobiliário nos EUA e que rapidamente se propagou à Europa que não soube lidar com o problema e que reagiu demasiado tarde e duma forma atabalhoada ao que caiu sobre todos nós. Mas voltemos a Pedro Santana Lopes: “Foi um primeiro-ministro com visão em várias áreas”, garante, acrescentando ainda que “era vários deuses ao mesmo tempo, depois caiu em desgraça e passou a ser o culpado de tudo”. Isso foi assim, porque era necessário criar as condições para a rejeição do PEC IV e "ir ao pote" (Passos Coelho dixit). E, como esta verdade é demasiado incómoda, há que tentar destruir a pessoa, o seu caráter, a sua ideia. E tudo tentaram, e tentam ainda, porque já perceberam que ele é mais forte do que pensavam e continua a resistir, isto é, a incomodar. Mas Pedro Santana Lopes não fica por aqui. O social-democrata sublinha ainda que José Sócrates foi um “primeiro-ministro com várias qualidades, um chefe de Governo com autoridade e capaz de impor a disciplina no seio do seu governo”. Isto assim, transparente e sem tibiezas. Aos poucos a verdade começa a emergir. Ainda há muito oculto, mas mais cedo ou mais tarde, haverá quem reconheça o trabalho, a obra deixada, o que se perspetivava para evitar que Portugal e os portugueses passassem por aquilo que estão a passar e que permanecerá ainda por muitos e longos anos. A verdade é incómoda, mas é a verdade. E esta é-o deveras. Por isso, é que não foi muito divulgado por muitos dos "media", eles também incomodados com a verdade que pretenderam encobrir ao longo destes três últimos anos. A História há-de se fazer a seu tempo. O tempo histórico ainda é demasiado curto. Mas estamos convencidos que se fará justiça mais cedo do que se pensa. Porque é urgente que se reponha a verdade de quem tentou evitar o empobrecimento do país e de quem o levou para a miséria ignóbil que avassala Portugal. A verdade começa a aparecer, lentamente, mas com passos firmes.
 

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