Um dia de efemérides
Hoje é mais um dia de efemérides para mim. Logo ao abrir do mês de Março. E nenhuma delas me é particularmente agradável. A primeira é a data em que a minha avó materna Margarida celebrava o seu aniversário. Faria 108 anos se ainda estivesse entre nós. E assim, a caixa de pandora se reabre de novo. São as recordações duma vida que foi a minha, que com ela privei, com ela fui educado, com ela cresci, dela adquiri os verdadeiros valores da família que hoje me acompanham. Por isso estou-lhe grato. Muito grato. E a saudade bate forte de novo, depois de a ter perdido vai para mais de duas décadas. Que estejas em paz, avó Margarida! Nunca te esquecerei. A outra efeméride é mais recente mas não menos dolorosa. Passa hoje um ano sobre a morte da minha cadelinha Estrelita. Não sou de guardar estas datas, mas a coincidência da sua morte e do aniversário da minha avó, leva a estas coisas. Na madrugada deste dia, há um ano atrás, a Estrelita deixava-me. Era a última dum grupo de três, mãe e duas filhas, que eram pertença da minha mãe e que esta me legou quando a sua vida terminou. A Estrelita representava o último elo de ligação entre mim e a minha saudosa mãe. Com a morte da Estrelita é como se se tivesse quebrado o último fio, fino e frágil como o de uma teia, que me ligava a minha mãe. Quando a afagava era como sentisse a presença ali dela. Quando lhe dava de comer sentia o mesmo. Quando a Estrelita morreu, foi como uma revisitação dum outro fim que dentro de pouco mais de um mês fará 13 anos. Este é um dia de efemérides. E como vêm nenhuma delas é particularmente agradável porque remete para aquilo a que eu chamo a minha galeria de ausentes. O que só por si me deixa triste e melancólico. Hoje era a celebração duma vida a da minha avó Margarida. Hoje é a celebração duma outra ausência a da minha Estrelita, a "branquinha" como a minha mãe lhe chamava. Que estejas em paz, Estrelita! Que estejais ambas em paz!
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