Avé Antonivs os que vão morrer vos saudam!
De repente até parece que o governo desapareceu, que as dificuldades acabaram, que o desemprego foi apenas um pesadelo passageiro, que a dívida nunca existiu. Mas não! Desenganem-se aqueles que assim pensam. O que está a acontecer é que a luta política interna no PS está a polarizar tudo e a dar de mão beijada umas férias ao governo. E afinal porquê tudo isto? A razão é simples. Tudo isto acontece pela desmedida ambição pessoal. Foi estranho, é estranho, o "timing" do aparecimento da figura de António Costa neste processo. Este teve duas soberanas oportunidades para se apresentar a candidato à liderança mas desbaratou-as. Agora, com o PS na calha para ganhar eleições, a menos de um ano destas, aparece como uma espécie de El Cid socialista. Numa altura em que o PS deveria estar concentrado na oposição ao governo, vê-se este histórico partido da nossa democracia, a fazer oposição a si mesmo. Surreal sem dúvida. Mas ainda nos causa interrogação o facto da altura escolhida por Costa para apresentar a sua candidatura. Será que sente agora mais seguro o partido na senda duma via para o governo? Será que não quis fazer o "caminho das pedras", - como diz Seguro -, numa altura em que o PS estava em dificuldades? Será até, esta uma candidatura para fragilizar o PS e beneficiar a direita? (Pode parecer estranha esta afirmação mas tudo é possível numa democracia equivocada como a nossa). Não deixa de ser estranho, tortuoso e equívoco tudo isto. Para os restantes partidos - nomeadamente os do governo - até pode ser uma boa notícia, mas estes não devem esquecer que quando um dos maiores partidos do regime falhar serão, inevitavelmente, os extremos - sejam eles quais forem - que ganharão. E depois voltaremos ao caminho já não de pedras mas de vidros cortantes que ferirão os pés duma forma desapiedada. Confessamos, de novo, a nossa perplexidade face a tudo isto, nem o porquê dum alto quadro do PS com responsabilidades ter tomada tal atitude nesta altura. Como já afirmamos em tempos outros, até podemos pensar que Costa seria melhor que Seguro na liderança do PS. O que não aceitamos é que se tenha lançado uma candidatura fraturante nesta altura. E dizemos fraturante porque com o adiar do problema lá para Setembro, a direção de Seguro corre o risco de bipolarizar de tal modo a questão que se dê uma rutura no PS e, isso sim, seria grave para o próprio PS, mas também, para a democracia. Porque o PS é um partido da área da governação, é um partido estruturante do regime e disso não nos podemos esquecer. Na impossibilidade de vermos o lado romântico de toda esta estória, fica a preocupação pela situação criada que, como já foi demonstrado atrás, vai bem mais para além do PS. Estamos perante uma espécie de bipolarização idêntica a muitas que conhecemos no Império Romano. Jocosamente até poderíamos dizer que estamos perante a bipolarização dos Antonivs. O Costa, qual Brutus que crava a faca no "amigo", vitimizando o Seguro deixando-lhe uma auréola que perdurará no tempo. Porque esta confrontação não é recente, tem pelo menos trinta anos. Até aqui o paralelo com a nossa metáfora romana é por demais evidente. (Confessamos que nunca apreciamos aqueles que cravam facas pelas costas tenham eles o nome que tiverem). Poderá até ter alguma piada, mas devemos refletir do que aconteceu nos tempos da antiga Roma. Esperemos que se lembrem disso para que a História não se repita de novo e duma forma dramática. E aí sim, ganhe quem ganhar, é caso para dizer que se tratou duma vitória de Pirro.
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