Os últimos tempos têm mostrado Portugal no seu melhor, algo que não é tão extraordinário assim, afinal parece que voltamos a ser olhados como um país de gente exótica e ingovernável. Ideia que já vem de Júlio César, imperador do longínquo Império Romano, quando falava sobre os Lusitanos, nossos ancestrais. E não pensem que estamos a exagerar, ou que o orgulho nacional já se arrasta pelas sarjetas. Não. Apenas o olhar para certas atitudes e comportamentos nos podem levar a tão azeda proposição. Temos um governo de equívocos, algo que já sabemos vai para três anos. Mas agora superou-se. Afinal, fartou-se de alertar o Tribunal Constitucional para o perigos de novas rejeições e depois, face a elas - que eram inevitáveis - mudou literalmente de atitude. Afinal a tranche que faltava era fundamental, depois passou a ser menos importante e no fim até se abdicou dela. Tanta pressão, tanta busca de conflito com o Tribunal Constitucional, e depois dá nisto. Será que os governantes não percebem o ridículo - sim, porque já é de ridículo que se fala - em persistir em tal comportamento? (Logo foram acompanhados de felicitações pela Comunidade Europeia, como é normal nestes casos, parecendo mais uma cassette que se repete como é normal ver noutras forças políticas). Mas o que é mais grave é pensarem que os portugueses - todos nós - somos um grupo de iletrados que não percebe nada desta autoproclamada "alta política"! Depois foi mais um grupo de membros - ou apaniguados - seguidores desta maioria que logo vieram dar interpretações depois da "bofetada" que levaram com a "aclaração" que pediram ao Tribunal Constitucional e que levou a Assembleia da República a fazer uma triste figura. Depois de muitas "interpretações" acabaram por ter que aceitar as ordens deste órgão de soberania porque nada mais podiam fazer. Logo de seguida apareceu uma deputada - que é conhecida pelas suas infelizes intervenções, quer no Parlamento, quer nos "media" - a opinar sobre os juízes que o seu partido indicou e que afinal não estiveram lá para ser solidários quando era preciso. Chegou ao ponto de afirmar que
"para a próxima será melhor ter mais cuidado com as escolhas"! Esta senhora, que até é professora de Direito, deveria ter mais cuidado com as afirmações que faz que em vez de ajudar apenas servem para estigmatizar - se isso ainda é possível - o executivo que ela diz defender. Parece que ainda ninguém a alertou para isso, e já seria mais do que tempo. Mas nem só no governo existem equívocos. Afinal, o maior partido da oposição também não deixa de estar enleado numa trama incompreensível, desgastando-se internamente, não discutindo os problemas do país e assim dando umas férias ao governo. Costa abriu as hostilidades, Seguro não se deixou ficar. Nesta luta pela cadeira do poder - agora partidário, mas no futuro, talvez do país - não percebem que apenas estão a enfraquecer o partido e a dividi-lo. Não queremos, nem vamos, aqui tomar partido. Mas se fossemos eleitores desse partido talvez desta vez lhe virássemos as costas. Até podemos pensar que Costa seria melhor líder do que Seguro, mas nunca aceitamos quem trai, quem apunha-la pelas costas. E ainda mais grave, quando aparece apenas quando sente que a vitória é possível nas próximas eleições legislativas, mas que não foi capaz de agarrar o partido no momento difícil de ser oposição. E até teve várias oportunidades para o fazer! Com tanta desilusão a ensombrar este retângulo no extremo ocidental da Europa, até o futebol seguiu o mesmo desígnio, isto é, também foi uma desilusão, um fator de tristeza e, sobretudo, uma vergonha nacional. E não venham dizer que tudo isto também tem a ver com a "troika", mesmo depois do relógio de Portas já ter parado de trabalhar há muito tempo, embora ela por cá permaneça. Tal como em 1640, ainda falta muito para a consolidação do país, - e Portas deveria sabê-lo, ele que tanto invoca esta data -, como o foi no já longínquo século XVI. Mas isso não interessa, afinal estamos em Portugal, o Portugal no seu melhor, o Portugal das impunidades, onde tudo vale. O que nos resta é que hoje entramos no solstício de Verão - neste dia pelas 11,55 horas GMT - e talvez com a chegada do sol e do calor, venha também a iluminação de algumas mentes que andam um tanto ou quanto confusas. A menos que, tal também não seja o caso, como é o dia de hoje, sombrio a ameaçar chuva e trovoada. Depois de tudo isto já nem sabemos bem em quem podemos confiar. Nem o tempo parece querer colaborar.
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