Turma Formadores Certform 66

Monday, October 06, 2014

Uma reflexão sobre Portugal e a Europa

Nesta encruzilhada em que nos encontramos - apesar de nos dizerem que tudo vai bem - talvez seja tempo de refletirmos a nossa situação, bem como, a situação da Europa de que fazemos parte. Muitos acham que os ciclos curtos da governação são a razão de muitos problemas. Não me parece que assim seja, o que não há, é uma verdadeira coligação de interesses em prol do país que transcenda a saudável alternância da governação. E quando damos por isso, vemos falar de reformas que de facto não o foram, vemos falar de alternativas que de facto não o são de todo. Mas desenganem-se os que pensam que esta questão é exclusiva de Portugal. Não o é de facto, e é demasiado fácil encontrar situações deste tipo replicadas na Europa. Aqui coloca-se uma questão de fundo que é assumirmos que falar de política é bem diferente de falar de políticas públicas. Na primeira vemos que os agentes na sua maioria desconhecem a realidade. Já nas segundas necessitamos de uma boa informação. Chegados aqui, vem sempre a terreiro a questão do euro. Quando se colocou essa opção, vimos que em Portugal existia um amplo consenso em torno da matéria, relegando para segundo plano alguns que tinham uma opinião diferente. Sou dos que apoiaram a entrada de Portugal no euro, mas não posso esconder que os dados que foram colocados na mesa então, tinham algumas falhas importantes. Contudo, continuo a defender a permanência de Portugal na moeda única, não menosprezando as consequências que daí poderão advir. Lembro-me de alguns banqueiros alemães afirmarem que só poderia existir uma moeda única quando existisse uma política única na Europa. (Embora ache que o que a Alemanha fez do euro é que é a verdadeira causa de tantos males.) E para consolidar isto mesmo, convido-vos a refletir sobre a austeridade que temos sofrido entre 2011 e 2014. Hoje é consensual que de nada serviu para além de empobrecer o país e as suas gentes. Até dispondo de um grande consenso nacional, que em determinada altura teve, só que esse consenso nunca foi um consenso informado, tal qual, o que aconteceu na adesão ao euro. Claro que depois os políticos vêm com o argumento de que não há alternativa, o que não deixa de ser redutor, dando até a sensação dum certo sentimento de culpa, duma certa justificação para alicerçar as políticas. Claro que existem sempre alternativas, Haverá sempre alguns graus de liberdade para se fazer diferente, estou a pensar na agricultura, na industria, na despesa pública, por exemplo. Para isso é necessário congregar a enorme capacidade das pessoas, coisa que raramente se faz. Porque o conhecimento pode não ser canalizado apenas para o discurso oficial, mas nem por isso, pode ser posto de lado. Devem ser incluídos numa análise mais abrangente sem complexos e sem que daí resulte qualquer tutela. Porque os consensos são importante embora seja a coisa mais rara neste mundo contrariando o que dizia Descartes. O que falta é a criação duma esperança, afinal a política é a capacidade de criar a esperança no futuro, e isso é o que não vemos desde há muito tempo. Mais uma vez estou a pensar para além de Portugal porque a Europa não tem sido capaz de o fazer também, daí a grave situação em que se encontra. Esta falta de esperança e de consenso, pode ter sido a razão de ao longo da nossa História nos termos visto neste aperto ciclo. Acho que não fomos capazes de entender o que nos cerca, otimizando excessivamente a margem de manobra que um país pequeno e periférico como o nosso, tem. Daí as crises sucessivas que já vêm desde a monarquia. Mas sempre as fomos vencendo através da coesão e resiliência do povo português. Talvez seja chegada a altura de nos reinventarmos como nação. A alternativa europeia foi uma opção tomada com largo consenso. Esse é o nosso destino para o qual não temos nenhum plano B. Só nos resta seguir em frente com determinação.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home