Turma Formadores Certform 66

Thursday, December 17, 2015

No 112º aniversário do meu avô José

Hoje celebra-se mais um aniversário dum ausente. Trata-se do meu avô José e meu padrinho, nascido neste dia do ano 1903. Já 112 anos passaram, mas há pessoas que têm este estranho condão de não desaparecerem. 'Vou a li que já volto'. Este é o caso deste meu avô José. Parece que nunca deixou de estar presente na minha vida, apesar da ausência vai para um par de anos, onde foi enriquecer a minha já longa galeria de ausentes. Mas ele está aqui, tem estado sempre aqui. Ainda me recordo como se fosse hoje, na noite de Natal, quando ele simulava uma saída da mesa para colocar os meus brinquedos na chaminé e fazia um ruído estridente para dizer que algo tinha acontecido, que algo tinha chegado. (Nessa altura as prendas vinham do Menino Jesus o antecedente do Pai Natal que o consumismo impôs). E eu com o brilho nos olhos lá ia a correr ver o que tinha vindo. O mistério do Natal é sempre mais profundo através dos olhos duma criança. E eu não era exceção. E como ele se entusiasmava, como ele era feliz por me ver feliz e contente. Agora que o Natal se aproxima, não posso deixar de fazer esta associação. Porque há momentos assim. Onde a memória entra portas adentro sem pedir licença, nos emociona, nos aquece o coração. Este é o caso. E este avô era o seu mentor. Estas datas acabam sempre por estar ligadas, desde logo, pela proximidade. Hoje celebraria o seu 112º aniversário. Daí a homenagem. Daí a memória. Porque enquanto houver memória estas pessoas não morrem. Elas habitam no lugar mais íntimo, bem dentro de nós. O lugar do coração. Passam hoje 112 anos sobre a entrada nesta vida do meu avô José que dela já se despediu há muito. Uma vida cheia e longa. Um amontoado de memórias para mim. Lá onde estiveres, Feliz Aniversário avô José! P.S.: Hoje publico uma foto em que nela se regista aquilo que ele mais gostava de fazer, a jardinagem, que aqui pratica na mesma casa onde vivo. Nos seus tempos livres, quando regressava do emprego, ou ao fim-de-semana, era vê-lo de volta das suas flores, dos morangos que ele tanto gostava de cultivar para mim. A sua memória ainda hoje se perpetua na casa onde habito sob a forma duma laranjeira frondosa, que dá fruto três vezes ao ano, e que ele plantou mais uma vez para mim. Porque sabia como eu adorava - e adoro ainda - laranjas que como diariamente. Nunca delas lhe tomou o sabor. As primeiras que deu já ele estava no leito de morte. Isto também faz bater um coração agradecido. O meu! Obrigado, avô José... por tudo o que fizeste por mim.

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