Semana Santa
Estamos em plena Semana Santa, a semana maior do calendário cristão. Agora estamos a caminho da Páscoa. Este mundo em convulsão que preenche os nossos dias, afinal não era bem diferente daquele de há dois mil anos. A violência também existia, em que a crucificação era forma a mais terrível de morte. Também os que vinham por bem, apenas não estando alinhados com os poderes de então, eram vítimas de perseguição, tortura e morte. O exemplo subliminar de Jesus é esse paradigma, e é-o de tal forma que, passados mais dois mil anos, o continuamos a celebrar. Mas se este dia indicia a tortura e morte na cruz dum inocente, ele também indicia um novo dia, um tempo novo, um homem mais igual aos seus pares. Mas, como não há bela sem senão, ainda falta eliminar alguns resquícios de violência que nestes dias se abatem sobre os animais. Eles são um fator de importância na cultura judaico-cristã, mas é tempo de serem revogados. Tal como foram os sacrifícios humanos em seu tempo. Porque o valor duma vida é sempre importante, pertença ela a quem pertencer. Porque esse homem novo deve sentir que tem de deixar os outros seres viverem. Seres que também sentem e sofrem como nós. Não são objetos descartáveis. É altura que o sacrifício de animais que têm apenas, como objetivo, tornar mais opípara a mesa de alguns, tem a sua expressão maior. Significa para os animais o seu fim de linha. A vida que lhes foi dada e brutalmente retirada, sem dignidade. Enquanto não formos capazes de perceber isto, o significado da Páscoa será sempre redutor. Não o conseguiremos perceber na sua amplitude. Porque é construída sofre o sofrimento e morte doutros seres. Mais de dois mil anos passaram. Já é tempo de percebermos isto e mudar os nossos hábitos. Será a tradição, dirão alguns para aliviar a sua consciência. Mas, como sabemos, muitas vezes a tradição é o caminho mais curto para a hipocrisia, e este é um sentimento que não tem lugar nesta época. Estamos na Páscoa. O tal tempo novo e salvífico. A construção do homem novo que começou à muito nas terras áridas da Galileia e que muitos teimam e não aceitar. A tradição nesta quadra continua a ser matar um ser vivo. Esta é a hipocrisia de quem acha que esta é a época redentora e salvífica que afinal não o é tanto assim. Pelo menos, enquanto não formos capazes de mudar os nossos hábitos. A nossa... tradição!...
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