Turma Formadores Certform 66

Wednesday, July 13, 2016

Assim, não!...

Muito se tem falado nas últimas semanas sobre sanções a Portugal e Espanha, num frenesim de informação inacreditável. A União Europeia (UE) ainda não percebeu que tem muito com que se preocupar para além das décimas dos países do sul. E por cá, a confusão e o incómodo também não o é menos, sobretudo entre os partidos da governação anterior. Se não, vejamos. Contrariamente ao que diz o PSD e o CDS, o que está em cima da mesa são os anos de 2013 a 2015, da responsabilidade desta gente. Esta mesma gente que acha que nada é com eles e que a culpa é do atual executivo! Depois têm o desplante de afirmarem que, sem a banca, o défice estaria nos 3%. Mentira, já por diversas vezes foi afirmado que ele teria ficado nos 3,2%, - entrando assim naquilo que se chama o 'processo de défice excessivo'. E o tal 'bom aluno' elogiado em Bruxelas, passou a cábula. O embaraço do PSD e do CDS  é evidente, - não esquecemos que eles diziam que até iam para além da 'troika' - daí os disparates que andam a dizer na vã tentativa se tapar os olhos aos portugueses, mas o mal estar de Bruxelas não é menor. Até Wolfgang Schäuble, - o todo poderoso ministro das finanças alemão que tantos elogios deu à antiga ministra portuguesa -, não se sente cómodo, vindo dizer ontem que, as sanções não são uma punição, mas apenas um alerta para futuras correções! Seja como for, toda a gente parece estar mal nesta estranha fotografia. Se Portugal foi um dos países com melhor desempenho dentro da UE no ajustamento que fez, é incompreensível esta atitude. E já agora, porque não fazerem o mesmo à França, que é o país mais incumpridor da UE, ou à Alemanha que não está a investir os seus excedentes consoante as regras estipuladas, e está a acumular superavits acima dos valores permitidos? Já sabemos todos a resposta: "Porque é a França e porque é a Alemanha"! e quem nos disse isso, foi nada mais nada menos, do que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Isto é inaceitável e incompreensível. Primeiro, porque todos os países devem ter o mesmo tratamento face aos tratados europeus. Depois, porque tudo o que se fez em Portugal e que esmagou os portugueses durante quatro anos e meio, não foi mais nem menos do que aquilo que a UE nos impôs, que acompanhou e que aplaudiu. Agora vêm sancionar um país por não ter tido sucesso na aplicação daquilo que Bruxelas ordenou! Não deixa de ser bizarro, para não dizer mesmo trágico. É que, mesmo fazendo 'mea culpa' e admitindo a sanção zero, coisa também estranha, o simples facto de se aplicar sanções tem um enorme impacto nos mercados e cria desconfiança, dificultando assim, os ajustamentos necessários. Tudo isto me parece kafkiano. Quando uma UE está a braços com problemas enormes como o 'Brexit' ou o dos refugiados, não deixa de ser estranha esta mesquinha atitude face aos países do sul que se limitaram a aplicar as regras da UE e que não deram os resultados pretendidos. Confesso que sempre me assumi como europeísta e até como federalista, mas começo a caminhar num sentido do euroceticismo, que cada vez ganha mais adeptos dentro da UE e que, estou certo, a está a minar por dentro. Este é o caminho mais seguro para a desintegração. Será que esta gente ultraliberal que tomou de assalto os corredores de Bruxelas, é mesmo isso que pretende? 

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