Vinte e seis anos passaram
Vinte e seis anos passaram e parece que foi ontem que juntamos as nossas vidas na Igreja de Nossa Senhora do Ó, - antigo Mosteiro da Ordem de Cristo -, numa manhã soalheira de Setembro. (Nesta foto, apenas eu e a minha mulher vamos resistindo ao tempo. Aqui uma palavra para os nossos padrinhos e para o saudoso abade Ramiro Ferreira que nos casou e se tornou amigo de nossa casa. Que todos tenham encontrado a paz merecida lá onde estiverem). Vinte e seis anos passaram e volta e meia vou numa espécie de romagem, a esse Mosteiro (onde vivi paredes meias mais de dezassete anos) como para relembrar momentos de vida, uns bons outros nem por isso, mas sempre, esse dia, um dos mais felizes da minha vida. Depois de tão longo tempo, com certeza que existiram bons e menos bons momentos, mas é sempre a tolerância e a resiliência à adversidade que mantém os casais unidos. Sei que hoje isto pode parecer uma bizarria, afinal os mais jovens, têm casamentos que duram apenas enquanto o romance dura, descartando-o logo de seguida para seguir, - como dizem -, novas experiências. Há uns bons anos atrás, uma jovem dizia-me que andava com o namorado de quem gostava muito, mas que a capacidade de aturar o outro era nula, isto é, na primeira dificuldade logo seguiriam estradas diferentes. E assim aconteceu. Para isso, não vale a pena casar e, sobretudo, ter filhos, que são sempre as maiores vítimas no meio de tudo isto. Não nos esqueçamos de que as rosas, por mais belas que sejam, também tens os seus espinhos. E não é por isso, que gostamos menos delas. A vida em comum, logo à partida encerra duas opiniões usualmente diferentes, mas que devem ser respeitadas. É esse o segredo dum casamento sólido. Ou então, como também acontece, mantém-se uma situação de aparente felicidade apenas e só para terceiros, quando já dentro da relação tudo está em cacos. Estilhaços que afetarão uma vida. Um casamento é, ou deve ser, uma responsabilidade, algo para que se vai de coração cheio e não motivado pela casa, pelo carro ou pela conta bancária do outro. Isso sim, são os escolhos que destruirão tudo em volta. Sei que os tempos não vão para romantismos, mas esforce-mo-nos por isso, afinal é aí que reside a felicidade das pessoas. Esforce-mo-nos para que cada dia seja uma descoberta do outro, tenha um sabor especial e diferentes dos anteriores. Sei que não é fácil, mas também sei que é possível. Vinte e seis anos passaram e aqui estamos como antes, seguros de que conseguimos esse equilíbrio onde o espaço do outro não é anulado, bem pelo contrário, é estimulado na sua plenitude. Vinte e seis anos passaram e parece que foi ontem.
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