Turma Formadores Certform 66

Tuesday, July 18, 2017

Gente maior

Vai um par de dias que a minha grande amiga, Jacinta Zamora Amorim - amiga de mais de três décadas - me dizia que nós por cá, tínhamos uma relação de amor com os animais que as gentes do interior não tinham. (Ela é uma transmontana de gema e sabia do que falava). Ouvia várias vezes dizer isto ao longo dos anos. Ela veio estudar para o Porto e por cá ficou. E a visão do amor que ela tem pelos animais também foi-se ajustando. (Ela que já teve cachorros e ainda muitos se lembraram do drama que ela passou quando a sua cadelinha morreu à pouco tempo). Mas esta imagem que se tem de que o interior olha para os animais de forma diversa tem alguma razão de ser. Eu conheci algumas pessoas dessas e, apesar de viverem por cá durante muito tempo, achavam que os animais eram apenas isso, animais. Ou para estarem a uma casota amarrados para a vida, ou para serem barbaramente abatidos, - sem nenhuma dignidade, nem piedade -, nos matadouros. Sei bem disso, porque tive um vizinho que tinha por local de trabalho um matadouro. E ainda me lembro do que ele dizia... Mas nem sempre é assim, e as ideias redutoras e generalistas, por vezes conduzem a fortes equívocos. Afinal toda a regra tem exceções, e é duma dessas exceções que aqui vos vou - de novo - falar. Conheci nestes meandros do cyber espaço uma mulher fantástica, arrebata, firme. Senhora do seu nariz - perdoe-me a imagem, Margarida - mas uma daquelas mulheres do interior de convicções fortes e determinação no limite. Trata-se da Margarida Fernandes Ferreira. Já me ouviram falar dela amiúde neste e noutros espaços e, estou convicto, que esta não será a última vez que dela falarei. A Margarida é natural de Bragança, membro da GNR, e uma daquelas pessoas para quem os animais são a sua razão de ser. A Margarida é muitas vezes polémica, por vezes de verbo áspero e irreverente - na sua página apresenta-se como 'servente de trolha'(!) - mas quem lida com estes seres sabe bem aquilo com que se confronta. (E disso eu posso dar alguma da minha pouca experiência). E quanto a isso, ainda se tem que levar em cima com gente que em vez de ajudar só atrapalha, ainda pior. Se as pessoas não gostam de animais, pois deixem quem gosta, fazer o seu trabalho em paz. Sei como isso custa, de injustiça e até de despudor. (Não foi por acaso que a única pessoa que afastei deste e doutros espaços teve a ver com isso. Porque há quem faça dos animais não uma causa mas um negócio. Embora embrulhado em papel bonito e laçarote a preceito, quando se abre, apenas vemos uma mão cheia de nada). Diz o povo e com razão, que de boas intenções está o inferno cheio. E é verdade, mas a Margarida é daquelas que passa aos atos - aqueles que fazem toda a diferença na vida dum animal - e deixa as palavras, por mais bonitas que sejam, para os outros. Hoje contestada, amanhã idolatrada. Essa é a sina do ser humano que nunca consegue distinguir em tempo oportuno os seus maiores e melhores. Talvez até lhe venham a construir uma estátua - mas só quando ela já não andar por cá, pois então - porque a Margarida que tem preenchido espaços nos jornais e nas televisões poderá vir a ser a "figura da terra". Só que nessa altura já isso de nada lhe servirá e até parece que estou a ouvir a Margarida a soltar uma das suas interjeições que aqui me escuso de citar. A Margarida é uma mulher do interior, melhor é uma Senhora do interior. (Com S maiúsculo sem dúvida). Será uma exceção à regra face ao que disse atrás. Mas é a verdadeira 'alma mater' para muitos animais que doutra forma teriam apenas a morte como destino. Não a conheço pessoalmente. Mas apelo a que, quem se identificar com esta causa, peça ligação à Margarida e, se possível, a ajudem na sua obra. Porque o que esta nossa causa - desculpe a minha inclusão, mas ela também é minha - só pode ir em frente com gente maior como a Margarida. Seja no interior ou no litoral, seja no norte ou no sul, seja em Portugal ou noutro país qualquer, esta causa precisa de gente assim. Para já, a Margarida é uma daquelas mulheres que vai à frente - muito à frente - uma espécie de farol, de guia, de líder. O que é sempre uma posição incómoda. Mas a Margarida não olha para trás e faz bem. Mas um deste dias, talvez se lembre de olhar para trás sim, e nessa altura verá que não está sozinha, nem que é seguida por uma grupinho pequeno de pessoas, mas sim, por um enorme exército que terá na Margarida um dos seus líderes. Já fomos menos, mas ainda somos poucos. Mas as coisas estão a aumentar. Força, Margarida. Estamos muitos de nós, atentos ao seu trabalho e esforço porque ele também é o nosso, embora muito pobre face à grandeza do seu. Bem haja pelo que faz. Se existe um retorno do Universo, a sua quota parte dele está reservada ainda para grande coisas. Porque coisas grandes só são possíveis de serem feitas com gente maior. (P.S.: Desculpe Margarida usar uma das suas fotos, mas é importante que quem a não conhece saiba de quem estou a falar).

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