Turma Formadores Certform 66

Thursday, December 14, 2017

Coisas estranhas

Nos últimos dias têm corrido as mais variadas notícias em torna da Raríssimas. Não tenho dados que me levem a acreditar que as acusações têm fundamento, mas também não tenho dados que indiciem o seu contrário. Alguns dos que me lêem poderão ficar perplexos com esta minha observação, porque tudo indicia que sim e talvez só eu pretendo não ver. Podem pensar isso, mas não é bem assim. Porque na esfera pública, - e quando se trata de lugares de confiança política, ainda pior -, nem sempre o que parece é. Não estou a desculpabilizar ninguém que, caso se prove a irregularidade deve ser punida, mas também não entro naquele linchamento de que o povo tanto gosta, apenas porque todos correm nessa direção. (Tudo isto pela mão dum certo jornalismo dito de investigação que, por vezes, encerra outros propósitos). Tudo isto a propósito da foto que público e que correu por todo o lado. Parece, ao que se diz, que a pessoa que aparece com a dirigente (ou ex-dirigente) da Raríssimas não será o seu marido. Não sei se é ou não nem isso me preocupa. O que acho estranho é que entre os milhões de pessoas que passam pela baía de Copacabana, logo estas pessoas despertassem a curiosidade dum qualquer fotógrafo que por lá andasse. Acresce ainda que, a viagem ao Brasil que parece ter sido feita a espessas da Raríssimas já tem algum tempo, e nessa altura todos andavam a bajular a senhora. Era vê-la com ministros, secretários de Estado e até com o Presidente da República. Todos achavam bem, agora aquilo que acham mal. A ser assim, porque é que este fotógrafo estava ali, na hora certa, no momento certo, bem antes deste escândalo rebentar? Que intuito o levou a li nessa altura? Não sei se alguém já pensou sobre isto, mas que acho estranho, acho! Porque em cargos públicos de confiança política por vezes acontecem coisas que estão para além do percetível para o comum das pessoas. E dou-lhes um caso pessoal. Embora a minha carreira se tivesse desenrolado maioritariamente na esfera privada, em tempos também exerci cargos públicos e de confiança política, embora eu nunca tenha sido, não sou, nem serei jamais um político. Era a parte técnica que estava em causa e isso não me impedia de exercer esses cargos. Um belo dia iniciei um cargo de grande relevância numa instituição. Lembro-me que era uma quinta feira. No sábado seguinte, estava de visita à minha mãe, quando recebi o telefonema de um dos meus diretores a dizer se tinha lido o jornal X - jornal de grande referência nacional - disse-lhe que ainda não. Logo esse senhor me disse que fosse ver uma reportagem com que me tinham brindado de página inteira. Assim fiz e fiquei perplexo. Tudo o que lá se dizia não correspondia à verdade. Tinha quarenta e oito horas de cargo, não conhecia a maioria  dos dossiers, nem sequer a grande parte dos funcionários que gosto sempre de tratar pelo respetivo nome. Percebi rapidamente que estava metido numa guerra de índole política que desconhecia. Com o tempo fui percebendo os contornos. Acabei por cumprir o meu mandato, mas nunca esqueci como algum tipo de jornalismo alinhado com interesses nem sempre muito claros pode levar a consequências desagradáveis. Este caso da Raríssimas não sei se é algo igual ou não. Mas sempre me distancio daquilo que pode parecer óbvio para a maioria das pessoas mas que nem sempre é. Se a pessoa em causa é culpada ou não, compete aos tribunais decidir. E não aquele costumeiro julgamento popular tão típico da nossa praça. E continuo com a minha dúvida primordial, que é a de compreender uma foto tirada por alguém muito antes de tudo isto vir a lume! Não deixa de ser estranho pelo menos para mim.

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