Turma Formadores Certform 66

Tuesday, August 13, 2019

Da música de Mahler à minha afilhada Inês

Volto de novo ao encontro dum dos meus compositores favoritos, Gustav Mahler. E mais uma vez venho falar-vos da segunda sinfonia. Curiosamente não foi através da segunda que me cruzei com Mahler, mas sim, através da oitava também conhecida pela 'Sinfonia dos Mil'. Daí a ficar fascinado pela música de Mahler e a devorar tudo o que me aprecia pela frente deste compositor checo-austríaco de origem judaica foi um ápice. Em pouco tempo me fixei muito na música grandiosa servida na segunda também conhecida por 'Ressureição'. A história dum homem que morre e é confrontado com todo o tipo de peripécias até à sua redenção. Música sublime com coros de cortar a respiração. Estava a ouvi-la mais uma vez quando a minha afilhada Inês nasceu. E naturalmente a ela sempre a associo. Na parte em que os coros cantam 'Não nasceste em vão, ergue-te e prepara-te para a vida', - aqui falando da eternidade -, logo eu colei esta imagem à da minha afilhada que estava a chegar a este mundo. Durante muito tempo associei esta sinfonia à morte prematura da minha mãe. Nele busquei o conforto de tão rude golpe com que a vida me premiou, buscando na redenção final a sua própria, que me dava conforto em momento tão dramático. Depois com a vinda da Inês, essa redenção já era tida como uma outra visão, a da reencarnação num outro ser que se pretendia ser de luz. (E como a Inês brilhou quando se cruzou comigo pela primeira vez!) Assim, através da música de Mahler fui procurando também a minha redenção, a minha 'ressurreição' para uma nova vivência. Esta sinfonia passou a representar a ligação entre o passado doloroso e o futuro promissor. Ela é hoje para mim, a conexão dum passado de alguém muito querido que entrou noutro plano astral, o presente que de certo modo eu vou representando e que é também ele passado em cada nano segundo decorrido, e o futuro que é personificado na minha afilhada com o muito que ainda a vida terá para lhe oferecer. Um ciclo mais triste que passou a fechar-se em modo jubiloso. A música de Mahler tem destas coisas, é grandiosa e esmagadora pela força que encerra. Posto isto, e para os mais interessados nestas coisas, deixo aqui um link https://www.youtube.com/watch?v=rKrsEbjXYX8 onde podem escutar a versão integral da peça. Infelizmente não encontrei nenhuma com legendagem em português, o que desde logo limita quem não conhece a língua alemã. Mesmo assim, estou certo que a grandiosidade do momento se sobreporá a tudo o resto e fará com que vos sintais elevados aos céus onde, seguramente, também vos encontrareis com a vossa própria redenção.

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