À memória de um amigo
Soube a meio desta amanhã que o meu amigo Artur Teles tinha morrido. (Não sei se foi hoje ou a algum tempo, nem sequer sei se já foi efetivado o funeral ou não. Quem me transmitiu a notícia também não sabia, e eu tenho dificuldade em saber, afinal o único contacto que tinha era o dele.) Foi uma surpresa, embora relativa. À três anos atrás falei com ele na véspera de Natal - sempre falávamos nesse dia - e vi que ele estava com um cansaço enorme na voz. Não o questionei sobre o assunto e foi ele, no decorrer da conversa, que me disse que estava a padecer dum cancro. Pediu-me segredo porque não queria que ninguém soubesse. Mantive a promessa naturalmente. No ano seguinte falamos de novo e ele pareceu-me mais animado. Disse-me que as coisas estariam a correr melhor e até já conduzia de novo (coisa que ele adorava) e que estava com expectativas positivas para o futuro. No Natal passado, tentei ligar-lhe e ele não atendeu. Depois não me respondeu à chamada e achei estranho. Mandei-lhe uma mensagem e só obtive resposta passados dois dias pela mesma via. Percebi que algo de errado estava a acontecer, mas não quis interferir. Hoje tive esta notícia. Tal como à três anos quando soube da situação, já não fui capaz de fazer a ceia de Natal, hoje estou com o mesmo sentimento. O Artur Teles foi meu adjunto durante muitos anos, no tempo em que ambos trabalhamos no Grupo Vista Alegre. Era um excelente profissional, era o homem que me substituía quando eu estava ausente. Anos mais tarde, já depois de ambos termos abandonado o grupo, voltei a colaborar com ele numa outra empresa. Nem sempre o nosso percurso profissional conjunto foi um mar de rosas. Mas isso acontece sempre com todos nós. Afinal não passam de minudências nestes momentos onde se deve reter essencialmente tudo aquilo que foi bom e positivo. E o Artur Teles foi importante na minha estratégia dentro do Grupo num dos seus momentos conturbados. Hoje aqui estou de peito aberto, com a maior das franquezas, a prestar-lhe esta homenagem à sua memória. Porque ele o merece e aquilo que vivemos em conjunto durante muitos anos não pode ser apagado. À família enlutada quero aqui deixar a minha homenagem. É nestes momentos que sentimos a nossa pequenez, a nossa insignificância face aos desígnios do Universo. Faço votos que onde ele estiver, que esteja em paz!
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