Turma Formadores Certform 66

Thursday, December 02, 2021

Dezembro - O cheiro do Natal

Com a chegada de Dezembro a proximidade do Natal torna-se mais visível. Se no passado era o símbolo das férias escolares, dos brinquedos, da fantasia, com o passar dos anos foi assumindo formas mais diversas. Porque a escola acabou, os brinquedos deixaram de existir, a fantasia foi-se perdendo à medida que a minha galeria de ausentes foi crescendo. Toda a minha família nuclear já está num outro patamar astral e isso limita a alegria e trás por outro lado memórias bem dolorosas. Porque a mesa tem menos pessoas, porque a alegria se torna mais branda, porque o peso das recordações limita. O Natal que para mim era símbolo de alegria, virou para um sinal de tristeza por tudo isso. No Natal, mesmo rodeado de algumas pessoas, sinto-me literalmente só, porque o meu Natal virou um Natal mais espiritual bem longe da azáfama costumeira da mesa farta onde se come como se não houvesse amanhã. Sou sempre frugal nesta época porque o meu Natal tem uma outra dimensão. Aquele Natal que o ser dito humano tornou em mais um inferno inqualificável para os animais não é seguramente o meu Natal. Para eles também vai o meu pensamento pelas vidas perdidas e pelo sofrimento porque passaram para que alguns se empanturrem de comida por umas horas. Até nisto o meu Natal não se revela diferente. Mais tarde houve tempo em que a sua aproximação era um suplício, uma espécie de calvário que eu subia ano após ano. Felizmente esse tempo também já passou. Mas o resto permanece. Aquilo que é alegria nesta época para mim é tristeza, o deslumbre das luzes substituo-o pela contemplação, a diversão que para mim é sinónimo de desalento. Natais diferentes, cada um com a sua razão, vívido por pessoas com motivações diferentes. Esta é a caminhada para o Natal cada vez mais próximo que faz com que o meu vazio interior vá aumentando.

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