Reflexão sobre a "Aldeia Global" - 1
Tomamos cada vez mais consciência de que o nosso vasto Mundo é uma Aldeia Global onde, por isso mesmo, o entendimento e a solidariedade se tornam num imperativo de salvação... No entanto os factos e acontecimentos afastam o horizonte de uma Paz justa e doradoira... E porquê? Duas razões fundamentais: A primeira é os preconceitos de toda a ordem: eles levam-nos a pensar que o bem, a razão, a verdade, as boas intenções estão sempre do nosso lado e no nosso campo... e a desconfiar, a hostilizar, a excluir e mesmo a combater os que não são dos "nossos" ou do nosso "acampamento"... A moral desaprova claramente este sectarismo e intolerância e exortam-nos a confiar na capacidade de fazer o bem que têm as pessoas, ainda que não sejam da nossa raça, da nossa cultura ou religião... Lembra-nos que, afinal, o importante é que o bem se faça e não quem o faz. O outro grande obstáculo ao progresso da paz é os profundos e alarmantes desequilíbrios económicos e sociais que se verificam entre os povos e no seio de cada povo. Elas são o fruto da avidez insaciável das riquezas, ligada quase sempre à insensibilidade social à exploração do homem pelo homem, como nos diz a Carta de S. Tiago e mais tarde descodificada por Karl Marx - sem tabús. É urgente, por isso, corrigir aquele aforismo que vem de longe: "Se queres a paz, prepara a guerra". Mais certo, justo e eficaz será este: "Se queres a paz, combate as causas da guerra". Cada um no seu terreno e segundo a sua capacidade, porque a Paz é também tarefa de todos. À que reaprender a servir, é maior quem serve mais. A grandeza e importância não vem do dinheiro, nem dos cargos elevados, nem dos títulos académicos, nem de talentos de garantida cotação social... Vem, simplesmente, do grau de amor com que procuramos ser úteis e servir... Neste mundo cada vez mais global, onde os valores são, cada vez mais letra morta, à que repensar se este é o caminho a seguir, se este é o legado que queremos deixar às gerações futuras. Dir-me-ão que, sozinhos não conseguimos nada, mas se todos pensarmos assim, não conseguiremos nunca quebrar esta cadeia de injustiças a que assistimos todos os dias. Alguém tem que dar o primeiro passo, se cada um der o seu, verificaremos que temos mais força do que inicialmente pensávamos. É assim, que começam as mudanças... A História está aí para nos mostrar a justeza desta asserpção. No passado dia 9 de Novembro celebrou-se os vinte anos da queda do muro de Berlim, e será que já destruí-mos os nossos, aqueles que nos separam dos nossos semelhantes, diria mais, de todos os outros seres vivos? Ao fim e ao cabo, é urgente recentrar-mo-nos no Universo a que pertencemos e criar equilíbrios com tudo o que nos rodeia, e que vai muito para além do nosso semelhante. Redescubram S. Francisco de Assis, ou algumas religiões orientais - como é o caso do Budismo - do equilíbrio da natureza com o seu todo. Post Scriptum: Vejam a imagem que vos trago. Foi tirada em Fátima à uns anos atrás, vejam o despojamento deste cidadão anónimo, o fervor, ao fim e ao cabo, a elevação espiritual, a harmonia com o Universo.
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