Equivocos da democracia portuguesa - 53
Temos vindo a assistir, neste reinício da actividade política, a mais uns equívocos em que a nossa democracia se tornou fértil. Agora os temas são o Orçamento de Estado e a revisão constituicional. Se quanto ao segundo, nos parece prematuro o seu lançamento, visto ter-mos eleições presidenciais dentro de alguns meses, já o primeiro apresenta uma aquidade enorme na determinação da nossa vida futura e daquilo que vamos fazer face aos nossos parceiros comunitários. O PSD, a quando da eleição de Passos Coelho, apareceu como um líder aparentemente credível que, infelizmente, tem vindo a perder o pé. A luta interna está ao rubro - vejam-se as declarações que Pacheco Pereira tem feito na "Quadratura do Círculo", programa que corre na SIC. Também Passos Coelho tem dado o flanco, com uma grande dose de impreparação e com aconselhamentos no mínimo discutíveis. A proposta de revisão constitucional é disso exemplo, aparece com um projecto muito controverso que, inevitavelmente, teve que corrigir num recuo infeliz, não evitando que lhe ficasse colado todo um projecto sem sustentação e fortemente criticado pelos portugueses - vejam-se as sondagens antes e depois do evento. Acresce ainda que, a revisão constitucional é da responsabilidade do parlamento e dos deputados, daí não se compreender bem, um documento que é elaborado fora do PSD e posto à consideração dos seus deputados que não têm espaço de manobra. Quanto ao Orçamento de Estado parece que estamos na mesma linha. Criam-se dificuldades por isto e por aquilo para depois se recuar. Como se diz na gíria, Passos Coelho tem tido" entradas de leão e saídas de sendeiro". Isto não é bom para a nossa democracia. Não esqueçamos que o PSD é um dos grandes partidos portugueses ligado ao arco governamental e, todas as suas atitudes têm, obviamente, leituras que vão muito para além das nossas fronteiras. Atente-se nos recados que à dias a Alemanha de Merkel nos fez, quando começa a ver que na situação em que estamos, parece não existir vontade política para a criação e aprovação dum OE minimamente credível. Numa altura em que é necessário construirmos grandes consensos nacionais, vemos que o PSD continua irresponsável como no passado, levando a que a situação vista de fora, seja muito deprimente, com as dificuldades que daí derivam. Basta olharmos para a maneira como os juros da dívida pública portuguesa estão a evoluir de cada vez que Portugal faz uma emissão. Angela Merkel já deixou a mensagem: "Portugal parece querer ser uma nova Grécia". O recado está dado. Compete às forças políticas - sobretudo, aquelas com mais responsabilidades - de alterarem o rumo das coisas. E isso, tem que ser já, porque o OE está aí à porta e ninguém imagina Portugal - no actual contexto -, a ser governado por duodécimos.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home