Turma Formadores Certform 66

Thursday, May 12, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 96

Ficamos à dias a saber que a taxa que Portugal irá pagar pela ajuda externa ficará algures entre os 5,5% e os 6%. Quem o disse foi o comissário europeu para a economia Olli Rehn. Embora já espera-se-mos isso, não deixa de ser surpreendente que a UE nos leve uma taxa bem superior ao FMI, UE que devia ser solidária com os estados-membros que, ao que parece, não é. Daí a afirmação de muitos que diziam que Portugal precisava mais do FMI do que da UE. Não deixa de ser estranho, não deixa de ser bizarro, mas é assim mesmo. Agora coloca-se-nos um problema muito importante, como é que Portugal vai pagar esta dívida e os seus encargos. É do mais básico da teoria económica que, um país para pagar este juro, terá que ver a sua economia a crescer ao mesmo rítmo, isto é, a economia portuguesa deveria crescer entre os 5,5% e os 6% para fazer face à dívida sem hipotecar o futuro. Mas, a economia portuguesa não cresce a este rítmo à mais de dez anos. Como vamos sair disto? Talvez, agora se compreenda melhor o que está a acontecer com a Grécia. O encargo da dívida é muito elevado, a economia não consegue alavancar, e a Grécia está a negociar um novo pacote e, talvez, venha a ter que reestruturar a sua dívida - informação veículada pelo Wall Street Journal. Embora as autoridades gregas o neguem, - já negaram, a semana passada, a eventual saída do euro -, vão admitindo que "a Grécia está numa encruzilhada", quem o afirmou foi o PM grego. Temos que ter em atenção tudo isto, porque não estamos livres de nos vermos na mesma situação. Portugal, tal como aconteceu com a Grécia, está a ser vítima do aproveitamento das instituições que estão a tentar, duma forma perfeitamente agiota, sugar ainda mais, os parcos recursos que nos restam. Angela Merkle já afirmou que "Portugal está num caminho razoável para sair da crise". Isto significa que, a chanceler alemã ainda acha que se devia ter ido mais longe. A Sra. Merkel já esqueceu a ajuda que teve da UE quando a Alemanha tinha uma balança deficitária, talvez se devesse enviar-lhe um vídeo semelhante ao que se fez para a Finlândia, por vezes, é bom lembrar que aquilo que criticamos aos outros era a nossa realidade à alguns anos atrás. E Merkel esqueceu-se disso, ou não se quer lembrar. Enquanto estas questões nos deviam estar a preocupar a todos, aqueles que mais deviam estar atentos - os políticos - vão-se prestando a um circo mediático que até os pode beneficiar, mas seguramente que, não beneficia os portugueses. Mais uma vez, Passos coelho vem falar na privatização da CGD - embora agora vá dizendo que" não é para já" - quando todos os especialistas afirmam o contrário. Afinal talvez inda seja uma matéria em estudo, como parece ser tudo aquilo que apresenta e logo vem a terreiro corrigir. Depois foi a privatização de parte de RTP. O curioso é que se diz que, "se vai priviatizar um dos canais comerciais da RTP" o que não deixa de ser estranho. Porque canal comercial só tem a RTP1, porque a RTP2 não pode ser considerado comercial porque não tem sequer publicidade. Passos Coelho afirma que a estaçãp deve ter um serviço público, logo, ficamos sem saber o que ele quer. Se é a priviatização da RTP2, não é correcto afirmar que seja um canal comercial, quanto à RTP1 será, talvez, o serviço público de que fala. Ficamos sem saber, e talvez ele também não tenha bem a certeza. Deve ser mais uma matéria "para estudo"! Depois, como vem sendo recorrente, fala-se do TGV. Não escondemos que, como aqui já por diversas vezes defendemos, que somos uns defensores do TGV, mas parece que alguns políticos ainda não perceberam que, como disse alguém à dias, "o assunto do TGV já não é uma questão de Sócrates os Zapatero, é uma questão da UE, que o quer e já o afirmou". O TGV é determinante para a UE num processo de escoamento de produtos, como o foram as auto-estradas a quando da nossa adesão. Não esqueçamos o que foi dito, pelas instâncias internacionais, sobre o TGV quando Portugal apresentou a sua candidatura conjunta com a Espanha, à realização do mundial de futebol. Se ainda dúvidas ouvesse, ... basta consultar os registos da época. Agora, e como já abordamos na crónica anterior, vem mais um novo tema, o da famosa TSU que deve ser reduzida. Aquilo a que tecnicamente de chama de "desvalorização fiscal interna" pode até ter razão de ser, mas temos que pensar na actual situação do país. É certo que se baixarmos o imposto sobre o factor trabalho e aumentarmos sobre o consumo, estamos a tornar a economia mais competitiva, isto vem nos manais de economia, e já dele falamos anteriormente, mas à que pensar na real situação do país, e como se pode - restringindo ainda mais o consumo - fazer crescer a economia, quando estamos em recessão, e ela irá acentuar-se, como já é público? As exportações, só por si, não chegam, embora sejam uma boa ajuda. Julgo que andamos todos a dizer o que nos vem à cabeça, não parando sequer para pensar naquilo que dizemos. Até parece que vivemos num "país das maravilhas" qual Alice deslumbrada pelas insólitas situações que se nos deparam. Para terminar, gostavamos de fazer aqui uma breve análise sobre um documento que Passos Coelho apresentou no seu debate com Jerónimo de Sousa, sobre as privatizações feitas pelo PSD versus PS. Pensamos que isto, só por si, já é confrangedor, mas que se chegue ao despudor de iludir as pessoas é que não. Afinal chamaram de mentiroso a Sócrates e agora utilizam as mesmas armas que lhe criticaram. Isto tem a ver com o famoso gráfico. É certo que visto assim, no imediato, até pode parecer que o PS privatizou mais do que o PSD, mas tal não pode ser visto assim, porque o PSD governou durante cerca de nove anos e o PS durante cerca de doze anos. Logo, é natural que o PS tenha privatizado mais, visto ter estado mais tempo no poder. Assim, para se ser correcto e sério, deveria apresentar-se a média anual de privatizações nesse período, caso contrário, estamos a mentir aos portugueses. Não fizemos as contas, até pode ser que Passos Coelho tenha razão, mas a maneira como apresentou o documento é capciosa e falsa. Não será seguramente assim que, Passos Coelho refutará as acusações de ultra-liberal, porque se assim pensa, é porque não tem a consciência muito tranquila. Enfim, continuamos num circo político que a ninguém interessa, porque os problemas de Portugal são bem mais sérios. É pena é que ninguém se preocupe com eles, bem sequer os discutam, como se esses graves problemas que temos, simplesmente, não existam.

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